Marília Mendonça deixou órfã uma legião de fãs em Brasília e pelo Brasil. A cantora sertaneja conquistou o coração das pessoas com o jeito sincero e simples e, para alguns, é a representante de um ponto de virada na história da música sertaneja.
"Na minha opinião, o sertanejo tem um antes e um depois da Marília Mendonça", afirma Altair Henrique, cantor da dupla sertaneja brasiliense Caio e Henrique. Ele avalia que a artista foi imprescindível para o aumento da presença feminina no ambiente desse gênero musical tão importante para a cultura do país. "Depois dela, tivemos uma revolução na forma de entender o sertanejo. Ela exaltava a figura feminina, aconselhava mulheres e com certeza aumentou o número de mulheres que se interessam pela música sertaneja", analisa.
Henrique também estava se preparando para um show quando ficou sabendo da morte de Marília, que era, para a dupla, uma figura de referência. "Ainda estou abalado, recebi a notícia pelo Instagram. O sertanejo está de luto, eu não tenho dúvidas disso. Não só pela artista Marília Mendonça, mas pela musicista, compositora e pessoa que ela era". Henrique conta que a dupla sonhava em gravar uma música composta por ela e ainda mais dividir um palco com a cantora. "A gente está com um aperto sem tamanho no coração, ela representa muito, muito para gente e para o sertanejo. Tenho certeza que hoje, quando eu for cantar uma música em homenagem a ela, vou me emocionar muito", completa o músico.
Para a advogada Gabriela Saito, 23 anos, Marília Mendonça era uma rainha. "Era um exemplo de humildade, de cantora, era uma mulher que a gente olhava pra ela e tinha vontade de ser amiga dela", diz. Gabriela esteve no show que Marília realizou na Torre de TV e planejava ir, com as amigas, ao show das Patroas. Era uma promessa, mas não deu tempo de realizar. "Fui pega de surpresa, uma péssima surpresa", lamenta. "Tenho ela dentro do meu coração, sou apaixonada por ela, principalmente pela personalidade dela."
Gabriela conta que curtia música sertaneja antes de conhecer Marília Mendonça, mas que tudo mudou depois de ouvir o primeiro álbum da cantora. "Ela, para mim, foi outro patamar, até porque uma mulher no sertanejo não era algo tão comum. Para mim foi um marco, ela abriu muitas portas e quebrou muitos paradigmas. Uma representação feminina perfeita no mundo sertanejo", diz.
A fisioterapeuta Fernanda Karen também esteve no show da Torre de TV e até tentou comprar ingressos para a apresentação das Patroas, mas não conseguiu. "Eu gostava muito dela pelo tipo de mulher, batalhadora, guerreira, corria atrás do dela sem pisar em ninguém", conta. "Eu estava no serviço e, quando fiquei sabendo, fiquei arrasada."
Fernanda diz que as músicas da cantora ajudaram a passar pelo fim de um relacionamento e que, até hoje, ela tem um carinho especial pela sofrência cantada por Marília. "É muito bom colocar a música dela, escutar, cantar com toda a boca", diz.
Surpresa
Outro fã que lembrou do show na Torre de TV foi o estudante de gestão de políticas públicas Vitor Augusto. Ele destaca que a obra de Marília Mendonça ultrapassa qualquer distância. "Acho que essa é a relação do fã, que, mesmo de longe, o artista está aqui para apoiar", define. Ele lembra com carinho a turnê Todos os cantos, de 2019, quando a sertaneja aparecia de surpresa para fazer shows de graça em várias cidades do país.
"Pelas publicações dela no Twitter, tudo indicava que a próxima parada seria Brasília. Dito e feito, no dia seguinte, ela estava da Rodoviária anunciando seu show, que seria horas mais tarde. Lembro-me de todos meus colegas e amigos se organizando para ir à Torre de TV. Foi completamente perfeito sentir a energia que ela transmitia e sentir a música dela tocar nossa alma, pois é inevitável não se conectar", recorda Vitor, que diz ainda não conseguir processar o ocorrido.
Tayane Gusmão, 30, nunca a conheceu pessoalmente, mas diz que se sentia amiga íntima da cantora. "Ela tinha o dom de conquistar. Divertida, espontânea. Uma pessoa leve. Não havia uma semana que passava batido, sempre que eu ouvia uma música dela falava 'um dia ainda sento com ela pra conversar'", confessa Gusmão, que costumava se referir à Marília como "melhor amiga" nessas brincadeiras.
Tayane, como muitos, sentiu o alívio quando as primeiras notícias diziam que todos a bordo da aeronave estavam bem. "Eu brinquei com amigos de trabalho: 'Que bom que ela está bem, afinal, eu já comprei o ingresso e passarei a virada de ano com minha melhor amiga'. Porque eu realmente comprei o ingresso do réveillon com ela em Maceió. E estava ansiosa por isso". A notícia da morte da sertaneja a deixou incrédula. Ela conta que a ficha só caiu quando viu o vídeo que mostrava um corpo com o vestido que Marília estava usando. "Tive que sair mais cedo do trabalho, pois, devido a isso, fiquei nervosa e a gastrite atacou. Realmente estou mal! Ela tinha o dom de conquistar. Foi uma enorme perda pela pessoa dela, não só no meio artístico", lamenta Gusmão.
"Ela era uma grande artista, até pela pouca idade. Não só para mim, mas para o país inteiro", Afirma Estevam Colmanetti, 25. O professor, que assim como Marília também é um apaixonado por música, recordou a trajetória da cantora. "Ela, desde nova, pegava o violão, sozinha, e se virava. Não precisava de uma banda para cantar muito", lembra Estevam, que ainda destaca o potencial que ela tinha ainda pela frente. "Uma compositora tão nova que conseguiu fazer músicas que tocaram tanto, tantas pessoas", comenta o professor que também aponta o caráter curto e imprevisível da vida. "Ela era uma artista muito talentosa e que foi muito cedo, realmente a vida é muito passageira", reflete. Porém ele acredita que uma grande imagem da cantora vai ficar. "Ela era, sem dúvida, uma das maiores artistas do Brasil".
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira
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