Após um longo período de incerteza, devido ao fechamento dos cinemas por conta da pandemia, finalmente o aguardado longa Eduardo e Mônica recebeu uma data de estreia. A adaptação da música homônima da banda Legião Urbana chega às salas do Brasil em 6 de janeiro, segundo o próprio diretor René Sampaio, mas contará com pré-estreia paga a partir do dia 1° de janeiro, sem contar com uma sessão para convidados em Brasília, em 14 de dezembro.
"Eduardo e Mônica é um filme para o cinema, para ser visto em uma tela grande, uma experiência coletiva, é como ir a um show do Legião Urbana", afirma René. O diretor, também responsável pela adaptação para filme de Faroeste caboclo, acha que o novo longa pode marcar o retorno do grande público aos cinemas no Brasil. "Eu quero que cada Eduardo chame sua Mônica, cada Mônica chame seu Eduardo, e pode ser um Eduardo chamando seu Eduardo também, ou uma Mônica chamando sua Mônica, mas pode ser chamar o seu pai que é um Eduardo para você, ou sua mãe que é uma Mônica para você, porque o filme fala sobre diferença e tolerância", pontua o diretor.
Ao Correio, René deu detalhes do filme, falou da estreia, experiência de gravação, da relação com a obra de Renato Russo e sobre os planos futuros como cineasta.
Como foi o processo de marcar e remarcar a estreia de Eduardo e Mônica e escolher a melhor data para o lançamento do filme?
Lançamento é sempre uma aposta, qualquer data que você escolha. Nós estamos apostando no começo do ano que vem, quando a gente acredita que, pelas projeções de pessoas vacinadas e de salas liberadas, será uma época em que o público terá o conforto de ir ao cinema com segurança e de uma maneira organizada. Estamos mirando em janeiro, porque acreditamos que será muito seguro para as pessoas assistirem, com muita gente vacinada e com os números em baixa. Além disso, é uma data incrível. Em 1º de janeiro, nós já vamos ter salas com filme em pré-estreias pagas para todo o público. Não vai ser no Brasil inteiro, nem em todas as salas, mas algumas pré-estreias estarão disponíveis a partir do dia 1º, o dia mundial das pessoas irem ao cinema, afinal não tem programa melhor para curar a ressaca do réveillon. A partir de 6 janeiro, estará em todo circuito de cinemas. Certamente, teremos em Brasília, tanto a pré-estreia paga quanto o circuito normal, mas podemos anunciar que teremos a primeira sessão de Eduardo e Mônica em 14 de dezembro em Brasília, para convidados.
Por que a escolha pelo cinema? E quanto ao streaming?
Eduardo e Mônica é um filme para o cinema, para ser visto em uma tela grande, uma experiência coletiva, é como ir a um show do Legião Urbana, é ter a energia de pegar na mão de alguém para ir ao cinema, a gente segurou até onde deu para levar o filme aos cinemas, é claro que, no futuro, a gente pode lançá-lo no streaming, mas agora o foco é no cinema. A emoção vai ser maior, está todo mundo esperando um motivo para sair de casa, um motivo para ir ao cinema, e eu acho que esse motivo vai ser Eduardo e Mônica. A gente teve enormes propostas de estrear Eduardo e Mônica direto no streaming, dinheiro que era realmente significativo para um filme. No entanto, a gente tomou a decisão consciente de estrear no cinema, porque eu acredito que esse filme tem também a força de fazer uma grande bilheteria e ser uma grande experiência no cinema. Ele tem o poder para emocionar as pessoas que o assistirem no cinema, mas acho que ele vai (também) funcionar muito bem no streaming e pode, um dia, até virar uma série, um spin-off.
Após todo o tempo de produção, incerteza, remarcações e escolha de uma nova data, qual a expectativa para, finalmente, lançar o filme?
Acho que eu tenho a mesma expectativa que tinha, em 1986, quando ouvi essa música pela primeira vez e quis vê-la no cinema. A expectativa já seria imensa de qualquer jeito, mas, principalmente de ver esse filme, que eu sempre quis ver. Acho que não só minha, os fãs também querem muito. Todo esse tempo que a gente passou aguardando o filme ser lançado, a gente tem acompanhado nas redes sociais os fãs, as pessoas esperando desde a primeira data em junho do ano passado. A expectativa aumenta, porém não de uma maneira negativa, muito pelo contrário, é um gostinho de quero mais, de quero ver o que vai acontecer. Para a gente, vai ser um prazer lançar e colocar esse filme em contato com o público. Eu fico muito feliz de adaptar a obra do Renato, me identifico muito e fico alegre de contar com a confiança da família e acho que os fãs vão se surpreender positivamente.
Este é o seu segundo filme de uma música do Renato Russo e do Legião Urbana. Como é o processo de adaptar músicas que moram no coração do brasileiro e do brasiliense e colocar um pouco de René em Eduardo e Mônica?
A adaptação de uma música é bem diferente de um livro, por exemplo. O livro muitas vezes respeita os três atos de um clássico. Claro que literatura é literatura, música é música e cinema é cinema, são coisas muito diferentes, mas o livro fornece outro tipo de material. O que eu acho que música tem de mais bacana é o sentimento, que é mais coletivo. O livro é muito particular e cada um entende de uma maneira, mas a música tem essa característica muito mais forte. Os acordes solares levam o público para um lugar mais feliz, os acordes menores podem levar para momentos mais angustiantes. O mais importante quando você adapta uma música, como foi com Faroeste caboclo, e como fizemos agora com Eduardo e Mônica, é ser fiel ao espírito da música, o que essa música me tocou, como a gente pode passar essa sensação de escutar Eduardo e Mônica em um filme. Claro, respeitando também o essencial do que o Renato Russo colocou como história. No Faroeste caboclo a gente tinha muita história para condensar em um filme, no Eduardo e Mônica parecia que não, mas quando colocamos mesmo tem uma história muito grande esse casal. Apesar da balada ser muito leve, é necessário na transposição para o cinema, aprofundar as questões como "a barra mais pesada que tiveram", sem, contudo, perder o que a música tem de mais encantador, que é o encontro dessas duas almas. Eu acho que a gente faz uma comédia romântica que tenta trazer o espírito da música do Renato Russo para as telas.
Legião Urbana é uma banda muito cultuada no Brasil inteiro. Qual a responsabilidade e a relevância de você estar dando uma outra vida a uma obra que é tão grande para o povo brasileiro?
A responsabilidade é enorme, quando eu fiz o Faroeste, não imaginava que era algo tão grande. Entretanto, tento não pensar muito nisso, porque tenho um certo compromisso pessoal em fazer uma coisa que eu acredite como artista e como autor e, ao mesmo tempo, um comprometimento muito grande com a obra do Renato. Então não me sinto julgado pela responsabilidade. Eu tento não me sentir pressionado, mas ao mesmo tempo me sinto responsável a não fazer algo que envergonhe a mim, aos meus e nem quem gosta de Renato Russo e Legião Urbana.
Legião Urbana e Eduardo e Mônica conversam muito com a memória dos brasilienses. Como o público de Brasília vai se identificar com o filme?
O longa tem alguns detalhes que realmente só público brasiliense vai entender, a gente escolheu locações como o Parque da Cidade, o Congresso Nacional, mas também colocou umas coisas como o Eduardo morar em uma quadra, chamar bicicleta de camelo, acho que tem muita coisa que o brasiliense vai ver na tela e vai sentir um gostinho especial, não que outros públicos não possam se identificar, mas o brasiliense vai poder se reconhecer, reconhecer os lugares que ele frequenta e uma Brasília que vai além do cartão-postal, que é viva.
Você mencionou o clima do show do Legião Urbana. Para você, o que é esse clima, e o que o filme traz que vai arrepiar os fãs da banda?
Eu acho que tem algumas coisas que são muito Renato Russo nesse filme. Primeiro, as referências musicais da época, coisas que ele escutava e que ele colocou na letra da canção, muitas músicas dos anos 1980 e Renato Russo na veia. Acho que tem uma coisa de emoção rasgada, o Renato sempre gostou de emoção e a gente buscou isso justamente porque mexe com os espectadores. E também tem a letra, e a expectativa de vê-la se tornar mais real no cinema. Quando falo que eu quero que as pessoas deem as mãos, eu quero que cada Eduardo chame sua Mônica, cada Mônica chame seu Eduardo, e pode ser um Eduardo chamando seu Eduardo também, ou uma Mônica chamando sua Mônica, mas pode ser chamar o seu pai que é um Eduardo para você, ou sua mãe que é uma Mônica para você, porque o filme fala sobre diferença e tolerância. É uma coisa que a gente está muito exacerbada atualmente. Quando começamos a gravar esse filme a gente não imaginou que o Brasil estaria tão dividido e eu acho que o Renato e o filme falam exatamente sobre encontrar um meio do caminho para resolver com amor, com união certos desafios. É um sentimento da música, do Renato Russo, do Legião e que nós conseguimos transmitir para o filme também. A resposta não é cisão, é união.
Como a Alice Braga e o Gabriel Leone desempenharam os papéis de Mônica e Eduardo no filme? Como foi a química em cena? Como foi dirigir os dois?
Tive o prazer imenso de trabalhar com a Alice e o Gabriel nesse filme, eles são dois atores excepcionais e supercomprometidos. Nós fizemos vários testes, mas quando vimos o Gabriel Leone com a Alice falamos: "É esse! Esse é o casal". Dois excelentes atores, super disponíveis, super abertos. Uma das inseguranças que você tem ao fazer um filme é quem você vai levar junto com você contando essa história e eu acho que fizemos uma escolha acertadíssima. Acho que quem escolheu, na verdade, foi a Mônica e o Eduardo. A Alice, uma atriz de proporção internacional, largou tudo para vir fazer o filme. O Gabriel se jogou totalmente, fez uma composição toda para viver um personagem mais novo, usou aparelho, arrancou os pelos da barba com pinça. Ambos tiveram enormes desafios.
Quais são seus planos futuros. O que você está produzindo e pretende fazer?
Em breve eu vou poder falar bastante coisa. Tem muitas coisas com a aprovação muito próxima. Porém, pretendemos fazer um terceiro filme para fechar uma trilogia de músicas do Legião Urbana, a gente não vai revelar qual a música, mas a gente tem ela em mente e gostaria muito de adaptar, mas ainda estamos negociando. No momento, eu sou um dos diretores convidados para fazer How to be a carioca, uma série produzida pelo Carlos Saldanha e Joana Mariani no Rio de Janeiro. Eu dirijo alguns episódios da série que estreia no Star , a gente deve começar a rodar daqui a 15 dias. Eu tenho vários projetos mirando trabalhar fora, alguns em língua inglesa e outros em língua portuguesa, mas com foco no público estrangeiro, assim como foi Round 6, falado em coreano mas que fez sucesso mundialmente. Essa é minha missão agora, fazer um cinema em língua portuguesa que se comunique com o mundo inteiro.
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