Versos imagéticos, histórias de um povo resiliente no Planalto Central e a trajetória decidida e cheia de interlúdios da Filomena são os pontos de partidas de três livros de autoras de Brasília que merecem entrar para a biblioteca dos brasilienses. Como boa safra da produção local publicada nos últimos dois meses, Um pouco, de Cecilia Aprigliano; Ando caindo cada vez mais leve, de Carla Andrade; e Erva brava, de Paulliny Tort, oferecem experimentações da linguagem em poemas e narrativas envolventes e comoventes.
Depois de várias oficinas literárias, uma mudança de cidade e uma pandemia que impediu a convivência nos saraus, Carla Andrade desembarcou neste final de 2021 com uma coletânea de versos cheios de musicalidade e intenções feministas. Os 110 poemas de Ando caindo cada vez mais leve nasceram de uma vontade de experimentar estilos, mas também do crescimento de uma consciência de gênero inédita na escrita da autora.
No quinto livro, a violência contra a mulher ganhou espaço. "Falo muito da solidão e acho que estou mais envolvida com questões feministas, o que, nos outros livros, talvez não tenha", avisa Carla.
Há também uma indicação para a violência em Erva brava, de Paulliny Tort, cujos contos trazem personagens marcados pela resistência à tentativa de apagamento. Com um texto maduro e preciso, a autora faz da fictícia Buriti Pequeno a paisagem para os 12 contos marcados por personagens com raízes profundamente fincadas no Planalto Central. "Entendo Buriti Pequeno como protagonista do livro de contos", explica Paulliny. "Livros de contos normalmente não têm protagonistas, mas esse tem um grande protagonista que atravessa todos os contos, que é o cenário, as paisagens, a cidade."
Colocar a geografia como personagem foi também uma forma de falar de fenômenos observados pela autora com muita inquietação. "Os personagens entraram com a função de contar a história dessa cidade, que tem a ver com fenômenos que tenho observado no Planalto Central, como o avanço da fronteira agrícola e outras transformações dos pequenos municípios brasileiros", diz. "Esse povo resistiu e sobreviveu por muito tempo com pouquíssima atenção dos poderes públicos, e resistiu, e continua resistindo."
A própria identidade de Paulliny, neta de goianos e habituada às histórias do interior, teve papel fundamental na construção das narrativas.
A história pessoal também é o material de Um pouco, livro cheio de interlúdios que conta a história de Filomena, uma menina que toma o mundo e tem a música como centro. Espécie de alter ego da autora, a personagem tem a trajetória narrada de maneira não cronológica. Cada capítulo aborda um episódio da vida de Filomena e a sequência não obedece àquela dos acontecimentos.
Cecília Aprigliano escreveu o livro durante o isolamento da pandemia. A intenção não era publicar, mas, à medida que o texto tomava forma, a autora sentiu necessidade de vê-lo editado em formato físico. "Saiu essa coisa bastante autobiográfica, mas não foi programado. Eu não tinha intenção de publicar, até que chegou um momento em que comecei a gostar do que estava escrito e quis mostrar para o mundo", explica.
Aos 61 anos, a musicista, especialista em viola da gamba, investiu no projeto literário. Uma série de interlúdios marcam os intervalos entre os capítulos e, embora a personagem também toque o instrumento, não é a música que sobressai na narrativa de Filomena e sim a busca interior pelo autoconhecimento.
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