LANÇAMENTO

Em início de nova fase musical, banda Scalene anuncia single 'Febril'

Banda brasiliense volta para o lado mais pesado do rock. Além da transição sonora, faixa também marca a última leva de músicas gravadas por Makako no grupo

Após a saída do baterista Philipe Nogueira, mais conhecido como Makako, a banda Scalene dá início à nova fase do grupo. Recém-indicados pela segunda vez ao Grammy Latino, os brasilienses lançaram, em setembro, o single Febril, faixa que traz o Scalene de volta para o lado mais pesado do rock. Além da transição sonora, a música também marca a última leva de músicas gravadas por Makako no grupo.

“O Makako deixou umas 14 músicas gravadas antes de sair da banda”, revela o guitarrista Tomás Bertoni, que afirma que nem todas serão lançadas. “Ele deixou um legado para a gente continuar lançando coisas com ele, então, daqui para o ano que vem, tudo que sair foi composto quando ele ainda estava na banda”, adianta. A saída do baterista foi anunciada em agosto, via Instagram. Na ocasião, o músico comunicou que iria se mudar para o exterior no intuito de obter “mais oportunidades e uma estrutura melhor para o crescimento e a evolução” da filha Liz, que faz parte do espectro autista.

Um mês após o comunicado, o agora trio iniciou a nova fase da banda com a estreia de Febril. “Nós nunca tivemos uma preparação tão longa para um lançamento, e a própria escolha dos singles foi uma das coisas que nós nunca tivemos tanto tempo para pensar”, explica Bertoni. Segundo o guitarrista, existem dois motivos que fizeram Febril ter sido a faixa escolhida para dar cara ao novo projeto do grupo. “O primeiro é a letra, que fala muito desse momento atual. A gente não sabe o que vai ser dessa loucura que a gente está vivendo, então, eu achei massa que a lançasse agora, no sentido de que a letra, com certeza, ainda faria sentido”, aponta o músico.

“A música está no singular, falando no eu lírico, mas todo mundo está lutando guerras internas, cada um na sua realidade, independentemente de qual seja”, reitera Bertoni, fazendo referência a versos como “luto a guerra interna de tempos febris”. O segundo motivo do destaque do single foi justamente a intenção da volta para o rock mais pesado. “A introdução da música chega muito forte. A nossa primeira música pesada depois de quatro anos começando naquela pancada é massa. Tinhamoutras opções, outras músicas fortes no disco, mas essa introdução é uma das coisas mais pesadas que a gente já fez na vida”, pontua.

Sucessão de ritmos

Com Febril como carro-chefe, o novo álbum do Scalene será responsável por suceder, em uma espécie de contraponto, Respiro e Fôlego, trabalhos recentes que exploraram uma sonoridade mais calma da banda. “Todo trabalho marcante acaba sendo uma reação ao que a gente acabou de fazer, tanto sonoramente e esteticamente quanto de como a gente faz e executa”, analisa Tomás Bertoni.

“Quando a gente estava finalizando o álbum Respiro, a gente já estava com saudade de voltar para um som mais pesado e já falava sobre o que nós íamos fazer de diferente dentro desse universo de música pesada do Scalene. Mesmo entre os primeiros discos, do Real/Surreal para o Éter, do Éter para o Magnetite, sempre tinha um passo em um novo lugar. Respiro foi um salto para um lugar desconhecido e agora a gente está voltando. É como se esse novo álbum fosse uma continuidade do Magnetite mais do que do Respiro, por exemplo, mas não deixa de ter todos os aprendizados de Respiro”, comenta o guitarrista.

“Vários elementos que a gente usou no Respiro estão no nosso trabalho de uma forma diferente da que a gente usou no Respiro. Com certeza, vai se falar do Scalene voltando a fazer um som pesado, o que faz todo sentido, é exatamente isso que está acontecendo. Mas a gente também espera que as pessoas que estejam fazendo as entrevistas, ouvindo, criticando, comentando reparem que o Scalene está voltando a fazer um som pesado, mas não é um som pesado igual ao que a gente fez antes. Tem elementos muito novos dentro disso”, complementa Lukão, baixista do Scalene.

Com o avanço da vacinação em massa, o grupo alimenta, pela primeira vez durante a pandemia, a expectativa da volta dos shows, que contarão com a presença de um substituto para Makako. “A gente pode chegar a fazer cinco shows nesse ano e isso é bom demais para ser verdade”, brinca Bertoni. “São shows em contextos ao ar livre, com uma capacidade muito reduzida. São contextos em que a gente realmente começou a se sentir confortável de fazer shows”, relata. Apesar da saudade de estar nos palcos, o grupo não tem pressa para a volta. “A gente tem que ir com muita calma e paciência”, finaliza Lukão.

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco