Todo processo de gravação tem etapas, discussões e mudanças. Às vezes, uma ou mais músicas acabam por ficar de fora do produto final de um álbum por detalhes de conceito ou fase que o artista ou banda vivem. Com 11 álbuns, o grupo brasiliense Satanique Samba Trio possuía várias sobras de trabalhos passados e decidiu, para se manter ativo durante a pandemia, que faria o 12º álbum apenas com essas músicas que haviam sobrado. A partir da constatação, veio Mini bad, novo disco da banda lançado em setembro exclusivamente na plataforma Bandcamp, voltada para a venda de músicas e muito usada por artistas independentes.
“Dada a pandemia e todas as dificuldades que nos foram impostas, a gente não tem ido para estúdio, a gente está parado a ponto de não ensaiar para evitarmos espaços fechados”, conta Munha, fundador, baixista e regente da banda. “Durante esse hiato, eu parei para pensar que talvez tivesse material pronto, ou quase pronto, que nunca tinha sido lançado, porque, até então, eram 11 álbuns na carreira, e sempre tem sobra de estúdio”, lembra o artista que descobriu que tinha músicas quase completas o suficiente para compor um álbum.
“Foi uma surpresa, porque eu descobri que tinham umas 10 faixas quase prontas, algumas até já prontas”, recorda o artista. Ele e o restante da banda, então, começaram a trabalhar para transformar essas sobras em uma unidade e, com aval e ajuda do selo a que estão associados, o belga Rebel Up, foi possível o lançamento no meio de setembro.
Por ser um álbum de sobras, a impressão que fica é que são músicas que não deram certo. Porém, o processo chega a ser contrário, a Satanique Samba Trio viu uma das faixas emplacar bem no Bandcamp. Badtriptronics #16 é, segundo o regente, uma das músicas mais tocadas no perfil da banda na plataforma recentemente e já está dando até um bom retorno financeiro. “Era para ter saído em um álbum de 2019, mas não saiu, e agora no Mini bad se tornou uma das nossas faixas mais lucrativas inclusive, vários plays e downloads”, afirma Munha. “Isso me faz questionar até porque diabos essa música não foi para um álbum”, brinca.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco