Lucas Pacífico se divide entre duas paixões: a música e o desenho. Ilustrador no Correio Braziliense, ele concilia a atividade gráfica com a sonora desde muito cedo. No campo da música, Pacífico começou a sua carreira como baterista na banda Plus Ultra e, mais tarde, fundou o conjunto instrumental Vintage Vantage, banda na qual assumiu a guitarra. Em seguida, o grupo foi rebatizado como Aiure, um trio de música experimental que traz influências da cultura brasileira em seus trabalhos.
Na última terça-feira (5/10), o músico lançou o EP Olhos abertos, composto e gravado durante o período de quarentena. O disco reúne cinco faixas, que transitam pelo campo do progressivo e, ao mesmo tempo, traz uma aura psicodélica em suas canções, remetendo a uma atmosfera intimista e aconchegante.
Trabalho mais recente desde o álbum de estreia, As cores do tempo (2020), na visão de Lucas Pacífico, o disco emana um sentimento de otimismo em suas canções, funcionando “como um conforto para esse momento difícil que passamos”. O lançamento foi apenas virtual, devido à pandemia, e está em todas as plataformas de streaming.
Em entrevista ao Correio, o músico contou como foi o processo de composição da obra, as parcerias envolvidas em seu novo projeto, os desafios e dificuldades enfrentados por ele na gravação do EP durante o período de quarentena e a previsão para projetos futuros.
O seu trabalho transita por quais gêneros?
Tem influências de música brasileira, principalmente da década de 1970, Jorge Ben, Cassiano e rock progressivo como Pink Floyd e King Crimson.
Você teve participação em todo o processo de criação deste EP?
Todas as letras e músicas são composições minhas. O EP foi produzido por Gustavo Halfeld, na Casacájá. Participaram do disco Renan Magão (bateria), Moisés Pacífico (guitarra) e Luiz Paulo Borges (baixo).
Como é o trabalho de parcerias?
As parcerias acontecem na hora dos arranjos, onde eu gosto de deixar cada músico acrescentar o que lhe for mais interessante em seu instrumento. Gosto dessa criação coletiva, embora as composições sejam minhas, a base dos arranjos é em grupo.
Qual é a proposta desse trabalho e a expectativa?
A dominação mundial é sempre o plano, mas, assim como o Pink e o Cérebro, meus planos são sempre frustrados. Mas, falando sério, lançar um trabalho novo é sempre legal. A gente fica nessa expectativa de como vai ser a recepção da galera, e tem sido muito positiva. Lançar música neste período de pandemia é um pouco diferente, pois não temos os shows presenciais para darmos continuidade a esses trabalhos. Então, os feedbacks ficam mais difíceis de serem percebidos. Às vezes, é meio duro, porque fica muito mais difícil fazer com que seu som chegue às pessoas. Embora possa parecer que a internet seja um facilitador, às vezes, ela também parece agir como um limitador.
O processo de produção realizado durante a quarentena teve alguma influência na atmosfera mais intimista e aconchegante apresentada pelas músicas?
Acho que, inconscientemente, sim. A pandemia tem uma energia muito pesada, negativa. Meu EP saiu com um ar mais leve, ainda com um pé na melancolia. Ele quase funciona como um conforto para esse momento difícil porque passamos.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco