Entre as estreias desta semana nas salas de cinema da capital, o predomínio é de dramas. Dois deles mesclam o gênero com religiosidade, como é o caso de Fátima — A história de um milagre, o relato de uma das aparições mais famosas do planeta de Nossa Senhora, que ocorreu em Fátima (Portugal), no período da Primeira Guerra Mundial.
O longa relembra a história dos pequenos pastores Lúcia, Francisco e Jacinta, que contaram ter visto a santa enquanto trabalhavam nos arredores da aldeia onde viviam. Enquanto muitos duvidaram da veracidade dos testemunhos das crianças, outros partiram em peregrinação ao local na esperança de presenciar um milagre em tempos sombrios de guerra.
Fátima não é o primeiro trabalho de visibilidade do diretor Marco Pontecorvo. Ele atuou como diretor de fotografia em alguns episódios da primeira temporada de Game of Thrones, série da HBO que foi sucesso mundial absoluto, e da comédia romântica Cartas para Julieta, um clássico da Sessão da Tarde, da TV Globo.
Já a produção norte-americana O direito de viver se debruça sobre um assunto espinhoso e que é palco de debates há décadas: a legalização do aborto. O longa, dirigido pela dupla estreante Cathy Allyn e Nick Loeb, tem foco no processo jurídico Roe vs. Wade, que ajudou a alavancar a permissão para interromper uma gravidez.
Quem espera por um filme com uma perspectiva mais progressista sobre o assunto vai se decepcionar. A obra gira em torno do embate entre um grupo de judeus, a favor da liberação do aborto, contra um grupo de católicos preocupados com o chamado “direito à vida”, cabendo aos judeus o lugar da vilania na trama. No elenco, não há nomes experientes em ação, exceto pelo ator Jon Voight, pai de Angelina Jolie e que, nos últimos anos, tem se tornado voz de destaque do conservadorismo radical nos Estados Unidos.
Corpo-mercadoria
O drama O homem que vendeu sua pele conta a história do sírio Sam Ali, que é preso pelo regime de Bashar al-Assad, em 2011. Ele consegue fugir e se refugiar no país vizinho, Líbano, mas o seu objetivo é conseguir ir para a Europa reencontrar a sua grande paixão, sua ex-namorada Abeer, que agora é casada com um diplomata na Bélgica.
Diante da missão difícil de conseguir chegar à Europa, Sam aceita a proposta de Jeffrey, um artista famosíssimo, que fará uma tatuagem-arte que valerá bilhões. Além de embolsar uma grande quantidade de dinheiro, Sam se torna uma mercadoria, e mercadorias circulam com mais facilidade do que gente, a grande sacada do filme. Como artigo de compra, ele ganhará um passaporte que o pode levar a qualquer parte do planeta, algo que lhe era negado como ser humano.
Com direção de Kaouther Ben Hania, que também assina o roteiro, a nacionalidade do filme é dividida entre Tunísia, França, Bélgica, Alemanha, Turquia e Suécia.
Suspense
O suspense O fio invisível conta a história de Amanda, uma mãe solteira que acaba de se mudar com sua filha para uma cabana rural. Ao chegar lá, elas são apresentadas à Carola e logo descobrem que a nova amiga guarda segredos obscuros, todos relacionados a seu passado e à existência de um garoto chamado David, que parece possuir dons sobrenaturais.
Baseado no aclamado romance Distância de resgate (2014), da escritora argentina Samanta Schweblin, o longa promete relacionar os temas maternidade e traumas. A nacionalidade da produção é dividida entre Espanha e Chile e é dirigida pela cineasta peruana Claudia Llosa, sobrinha do Nobel de literatura Mario Vargas Llosa. Em 2009, Claudia foi vencedora do Urso de Ouro do Festival de Berlim, com o filme O leite da mágoa. O longa estreia esta semana nos cinemas e, a partir de 13 de outubro, fica disponível na plataforma da Netflix.
*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco