Os edifícios icônicos de Brasília servirão de suporte para uma exposição que vai levar a própria história da cidade a espaços públicos do Plano Piloto, de Ceilândia e de Planaltina. O projeto Museu Aberto tem início nesta terça-feira (26/10), com a apresentação de um acervo de mais de 200 obras entre fotografias, esculturas, pinturas, documentos históricos, objetos, desenhos e vídeos. A segunda edição da mostra, que no ano passado ocorreu no Congresso Nacional, tem duas novidades: além das projeções no Museu Nacional da República, as obras também serão projetadas na Casa do Cantador, em Ceilândia, e no Museu Histórico e Artístico de Planaltina.
Se, em 2020, a exposição teve como suporte painéis de led espalhados pela cidade, dessa vez os próprios prédios servem de tela. “A Casa do Cantador é um templo da música de Ceilândia e é um edifício icônico no qual era viável fazer projeções, porque tem que funcionar, a gente está contando uma história de 1960 até hoje. Planaltina é outro ambiente, uma cidade mais antiga”, explica Danielle Athayde, curadora da exposição, que se encerra em 25 de novembro, com apresentação no Panteão da Pátria.
As projeções de Museu Aberto trazem obras da exposição Brasília: da utopia à capital, que rodou a Europa nos últimos três anos e foi apresentada em Londres, Moscou e Itália. O acervo ficou preso em Roma por causa da pandemia e foi preciso suspender a turnê da mostra. Danielle decidiu, então, criar um acervo digital que pudesse ficar acessível. “No ano passado, trabalhamos com alguns artistas pontuais e este ano estamos trazendo novos artistas”, como Galeno, Siron Franco e Victor Brecheret, avisa. “São artistas de todas as fases, da criação e construção a alguns contemporâneos.”
Duas coleções têm representação expressiva na exposição: a Coleção Brasília e a Coleção Domício Pereira. As duas têm obras temáticas sobre a cidade no momento de seu nascimento. Na parte fotográfica, estão mais de 30 artistas, nomes que vão de Marcel Gautherot, que fotografou a capital nos anos 1960, até Orlando Brito, fotojornalista que documentou momentos políticos emblemáticos das últimas décadas. Há, também, ensaios encomendados, como o de Fábio Colombini, fotógrafo paulista autor de uma série sobre a cidade de concreto com um olhar debruçado sobre a natureza.
Artistas da cidade também estarão no Museu Aberto. As esculturas de Naura Timm, as intervenções de Wagner Barja e a pintura de Betty Bettiol integram a exposição. “São 60 anos de arte da construção e criação até hoje, passando um percorrido que começa na Missão Cruls até artistas contemporâneos atuais vivos”, explica Danielle. “A ideia é ressignificar os espaços públicos no período de pandemia com arte e cultura. Pessoas em Ceilândia e em Planaltina vão ter acesso ao conteúdo.”
Quem não conseguir assistir às projeções poderá acompanhá-las pelo site brasiliamuseuaberto.com.br, que disponibilizará um programa educativo feito com três especialistas com foco em educação patrimonial, sustentabilidade e cerrado. “É para trazer aos alunos o conhecimento sobre a importância de se viver em um patrimônio cultural da humanidade. A gente explica o que é o tombamento para fazer com que sintam que pertencem a esse ambiente, tirando um pouco da monumentalidade. Para que as pessoas tenham mais acesso a tudo isso”, diz Danielle.
Em dezembro, também será lançado um livro e uma publicação com o programa educativo impresso em braile destinado às escolas de cegos. Em 16 de novembro, ainda como parte da programação da mostra, haverá uma palestra com Sara Seilert, diretora do Museu Nacional da República, sobre a arte no pós-pandemia e, em 6 de dezembro, um encontro com Wagner Barja, que vai falar sobre a cultura na rua.
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