Lançamento

Com participações de Emicida e Djonga, Cesar MC lança álbum de estreia

Em entrevista ao Correio, Cesar MC conta como a carreira nas batalhas de rap influenciou a criação do álbum ‘Dai a Cesar o que é de Cesar’

Dai a Cesar o que é de Cesar marca a estreia oficial de Cesar MC no mundo da música. O trabalho é o primeiro álbum do artista capixaba, que iniciou a carreira solo em 2018. Antes disso, ele era conhecido na cena musical devido ao desempenho nas batalhas de rap regionais e nacionais. O músico chegou a conquistar o bicampeonato do Espírito Santos, em 2017, ano em que também foi campeão do Duelo Nacional de MC's.

“Foi nas batalhas que eu fui formado, graduado, que eu entendi como funciona, me questionei, busquei, evoluí e me entendi como artista. É um mergulho, uma nostalgia que continua totalmente viva dentro de mim. Agora, a ferramenta  é diferente, é a música, mas continuo batalhando para poder falar a mensagem que precisa ser dita”, explica Cesar MC em entrevista ao Correio.

“Eu encontrei na batalha um lugar onde eu era ouvido, onde eu era escutado, então ali tudo fez sentido para mim. A cada passo que eu vou evoluindo dentro da atmosfera musical, sempre vai ter um pouco disso, porque eu sou isso. A batalha de MC ainda é o meu fôlego, ainda é meu sentido e meu chão dentro dessa perspectiva”, completa. As batalhas são o tema central da faixa de abertura do álbum, em Eu precisava voltar com a Folhinha, o artista faz referência à tradição de presentear o MC vencedor da batalha com o papel do chaveamento das duplas que disputaram na noite.

“Sem dúvida a frase 'Dai a César o que é de César’ sintetiza muito o que eu quero dizer com o disco”, diz o artista. “A perspectiva da palavra César foi usada de diversas formas possíveis. Eu, Cesar, como moleque preto, periférico, nesse mundo desigual, cheio de desafios, buscando escrever minha própria história, pegar o meu espaço, encontrar voz”, argumenta.

“Dai a Cesar o que é de Cesar vem para narrar um pouco do cotidiano de um moleque preto em meio a um mundo estruturalmente desigual e cheio de preconceitos e racismo”, analisa.

Apesar de se tratar do primeiro álbum do artista, o lançamento conta com a participação de grandes nomes da música brasileira, como Emicida e Djonga. “São pessoas que influenciaram muito a minha música, que eu tenho uma identificação de causa muito forte, de postura, de arte. A grandeza que esses nomes transmitem para mim, por termos vivências parecidas, faz com que a minha música se torne mais forte”, aponta.

Além das experiências similares às dos artistas convidados, Cesar MC também aposta na identificação com os ouvintes. “Acredito que o álbum tenha um pouco de um apelo específico para as pessoas da comunidade, que vivem um pouco da situação que eu vivo e que vão encontrar força ouvindo esse disco”, torce.

“É um álbum que eu quero que transmita força, amor, luta e todos os questionamentos que houverem diante do espectador que escuta”, afirma Cesar MC. “Talvez, a mensagem central do álbum não seja só de quem escreve, mas de quem recebe a escrita e, a partir dela, gerar outras reflexões”, finaliza.

*Sob supervisão de Juliana Oliveira