Escrito e dirigido por Cristiano Vieira, cineasta que atua desde 2002 no mercado audiovisual de Brasília, o filme A cisterna é a mais nova produção audiovisual rodada na cidade. O longa-metragem conta a história de Lorena Ribeiro, uma jornalista brasiliense que vive um momento de ascensão na carreira.
“Brasília é uma delícia, fui muito bem recebida, fiz alguns passeios deliciosos pela cidade, conheci as obras de Lúcio Costa e Niemeyer, caminhei à beira do Lago Paranoá nos dias de folga e fiquei encantada com o charme dos Ipês”, relembra a atriz Fernanda Vasconcellos, protagonista do filme, em entrevista ao Correio.
Apesar dos prêmios e reconhecimentos, a escalada na vida profissional de Lorena Ribeiro também traz dificuldades para a protagonista. O clímax do filme se dá quando Lorena acaba sendo sequestrada e presa em uma cisterna, em decorrência do caráter investigativo do trabalho como jornalista. Para Fernanda, as gravações das cenas do sequestro foram desafiadoras.
“A cisterna não foi um cenário acolhedor e a experiência foi árdua. Minha profissão já me colocou em outros lugares nada convidativos, como água extremamente gelada em dias frios. Porém, a cisterna tem algo a mais e bastante significativo, que é a tormenta emocional da personagem”, pontua a atriz.
Além do lado profissional, o filme também aborda a vida pessoal da protagonista, que é mãe de uma filha pequena. “A Lorena vive um dilema, ela tem essa ambição de ser reconhecida pelo trabalho com o jornalismo investigativo e, ao mesmo tempo, ela tem uma filha que o pai está querendo tomar a guarda, usando o argumento de que a mãe trabalha muito e não tem tempo para a filha”, explica o diretor Cristiano Vieira.
“Essa questão é muito delicada, porque ninguém questiona um homem que se dedica à carreira”, opina. “O homem, quando tem um filho, foca ainda mais na carreira, porque a sociedade patriarcal meio que exige isso, ele tem essa figura do provedor ainda muito forte. Já as mulheres têm que se colocar nesse papel de abrir mão do trabalho por conta da família”, aponta Vieira.
O filme, rodado em 2019, deveria ter sido lançado nos cinemas em 2020, inicialmente. No entanto, devido à pandemia, o longa-metragem estreou apenas neste mês, nas plataformas iTunes, Now, Google Play, Vivo e Oi.
“Além da pandemia, o governo Bolsonaro elegeu a cultura como inimiga, então a indústria do audiovisual ficou muito prejudicada”, analisa Vieira. “A cultura do mundo é norte-americana por conta do cinema, então quando você tem um governo que enxerga isso e vê a importância disso, o país todo ganha. Não é o nosso caso agora”, finaliza.
*Sob supervisão de Severino Francisco