O Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília que, em quase 40 anos de existência, já acolheu espetáculos de formatos diversos, recebe agora um projeto musical no mínimo inusitado, intitulado Quadrilátero. Por quatro noites — a partir deste sábado (25/9) — o palco da instituição receberá quatro shows protagonizados por quatro artistas, representantes de quatro famílias instrumentais: sopros, percussão, cordas e cordas dedilhadas.
Idealizada por Léo Gandelman — responsável também pela curadoria — com o apoio do produtor cultural Pablo Castellar, para apresentações em unidades do CCBB, esta série de shows chega à capital federal depois de passar pelo Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo. “Neste momento tão incomum, em que músicos tiveram suas atividades interrompidas, por conta da pandemia da covid 19, e não tocavam desde o início do ano passado, acredito ser estimulante a realização desse projeto”, ressalta o saxofonista carioca — nome de destaque nas cenas musicais nacional e internacional.
Gandelman acrescenta: “O artista precisa do público para exercer sua profissão. Nossa atividade foi uma das primeiras que parou e uma das últimas a retornar. Todos os músicos receberam a ideia do projeto com muita alegria e, de forma entusiasmada, aceitaram o convite para participar do Quadrilátero. Estamos tomando todos os cuidados a partir das determinações das autoridades sanitárias”. Amanhã, às 18h, ele fará uma masterclass, aberta ao público, com duração de uma hora.
Neste sábado (25/9), às 20h, na estreia do projeto na cidade, o show reunirá quatro dos mais requisitados percussionistas brasileiros: Robertinho Silva, Marcelo Costa, Marcos Suzano e Pretinho da Serrinha. Além de se apresentarem juntos, eles farão números em duo e solo. “Esta é uma oportunidade quase rara para nós, que atuamos mais acompanhando cantoras e cantores, de interagirmos no palco. Tenho grande admiração por estes companheiros de ofício. Vejo Robertinho como mestre. Suzano e eu somos da mesma geração; enquanto Pretinho surgiu depois e tem brilhado bastante”, destaca Costa. Eles farão uma leitura instrumental, com muito improviso, para músicas de Baden Powell, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Nelson
Cavaquinho e outros compositores
No domingo (26/9), também às 20h, Léo Gandelmam terá em sua companhia em cena Nivaldo Ornellas, Mauro Senise e Zé Carlos Bigorna no show em que mostrarão versões instrumentais para clássicos da obra de Ary Barroso, Moacyr Santos, Jonhny Alf e Edu Lobo. Senise lembra que a primeira vez em que se apresentou com um quarteto de sopro foi no início da carreira, quando era aluno de clarinete de Paulo Moura. “Estar ao lado de Gandelman, Ornellas e Bigorna num projeto como o Quadrilátero, é um privilégio. O resultado tem sido muito bom e cada um ainda tem chance de mostrar algo do trabalho solo”.
Quarteto de cordas
Henrique Cazes, Luis Barcelos, João Camarani e o goiano-brasiliense Rogério Caetano são os protagonistas do show da próxima quarta-feira, no qual passearão pelo legado de Pixinguinha, Waldir Azevedo e Radamés Gnattali. “Já havia me apresentado com um quarteto de cordas, tendo a companhia de Joel Nascimento, do Época de Ouro; Marcelo Gonçalves e Zé Paulo Becker, do Madeira Brasil. O Quadrilátero me proporcionou algo bem interessante que é tocar com outros três instrumentistas, de diferentes gerações, igualmente talentosos”, afirma Cazes.
Violoncelista brasiliense, radicada no Rio de Janeiro, Janaina Salles e mais Joana Bello, Iná Kurrels e Jocelynne Huiliñir farão o show de encerramento do projeto na quinta-feira (dia 29). “O quarteto de cordas dedilhadas é uma formação tradicional da música de câmera. Então nós quatro estamos bem à vontade ao participar do Quadrilátero. Peças de Radamés Gnatalli e Astor Piazzola fazem parte do nosso repertório”, conta Janaina. No final da apresentação, as musicistas baterão um papo com o público, durante meia hora, quando falarão sobre a intrínseca relação do artista com a música.