“Tudo começou num período de seca como este agora. Encontrei um pedaço de terra maltratado, queimado, abandonado. Os passarinhos passavam direto para outros quintais. Senti uma vontade de ficar, também estava ressecada, sabia como era. Então comecei a cuidar”. Foi por meio destes relatos que a escritora Solange Cianni começou a tomar conta do pequizeiro em seu jardim e também deu vida ao livro de poesias Bailarina do meu jardim.
Escrito por Solange Cianni, com fotos do ator e professor emérito da Universidade de Brasília (UnB) João Antônio de Lima Esteves e projeto gráfico e ilustração de Gabriel Guirá, Bailarina do meu jardim conta a história de uma pequizeiro de 200 anos, uma árvore típica do cerrado brasileiro, e de uma mulher que, nas palavras da própria autora, “busca a terra para se encontrar” e com isso estabelece um vínculo de afeto e cuidado com a árvore.
E por meio dessa relação surgiu a ideia de criar um livro de poemas em homenagem à árvore. “Uma anciã com mais de 200 anos, sábia e generosa, que ainda oferta frutos e sombra”, diz a autora. Mais que uma relação de afeto ou carinho, o livro é baseado em uma relação de respeito entre dois seres muito distintos, mas que se complementam. “Uma mistura dessa mulher que cuida desse jardim com essa árvore que cuida dessa mulher”, explica Solange.
A escritora conta que o projeto foi surgindo aos poucos, primeiramente com próprio cuidado da autora com a árvore no quintal e o jardim. De acordo com a autora, o livro contou com imagens captadas por João Antônio, que fotografou os diferentes ciclos e evolução do pequizeiro durante um período de um ano. Juntamente, com o trabalho gráfico de Gabriel Guirá que conseguiu captar por meio de ilustrações as diversas “coreografias” realizadas pela árvore em seu ciclo de transformação, foi criado um projeto que, segundo a autora, "faz o livro dançar pois os poemas, as fotografias e os livros dançam com um livro que dobram e desdobram”.
Solange afirma que o ato de cuidar de um jardim consegue nos ensinar lições profundas sobre a vida, a autoestima e os cuidados foram elementos que serviram de inspiração para escrever o livro. De acordo com a escritora, além de enaltecer uma árvore nativa do cerrado brasileiro, a publicação conta com um selo de sustentabilidade formado pelo “o uso sustentável dos papéis que compuseram o livro-objeto”.
Solange conta que agora o livro vai para a etapa de lançamento. A ideia é divulgar o projeto em diversos locais, respeitando as normas de distanciamento social e demais protocolos de saúde. “Sempre levando essa mensagem do cuidado que devemos ter na preservação das árvores do Cerrado”, afirma a autora.
Sobre a autora
Solange Cianni é escritora, psicopedagoga e atriz, membro do Colégio Internacional dos terapeutas da Unipaz/Df, com pós graduação em Comunicação e Expressão na Universidade de Barcelona, Espanha. É também fundadora do Coletivo literário Maria Cobogó, um encontro de mulheres escritoras que se uniram pelo amor à literatura e “a vontade de criar”. Pelo grupo editorial lançou os títulos Ainda colorida, Cigarras, lagartas e outras Marias. Mais informações sobre o coletivo e a autora aqui.