LITERATURA

Artista Suyan de Mattos conta a história do Espaço Cultural Renato Russo

O resultado está em 'A nave 508: Espaço dos insistencialistas', que será lançado na sexta-feira (10/9), no Beirute da 109 Sul

Nahima Maciel
postado em 07/09/2021 06:00
Local se consolidou como um local de convergência de expressões artísticas e de muita tradição -  (crédito: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press - 17/1/19)
Local se consolidou como um local de convergência de expressões artísticas e de muita tradição - (crédito: Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press - 17/1/19)

Foi durante uma conversa com o poeta TT Catalão que Suyan de Mattos teve a ideia de escrever a história do Espaço Cultural Renato Russo. Localizado na 508 Sul, o espaço que virou referência para a produção cultural do DF era também um ponto de ebulição quando se tratava de artes visuais, teatro e música. Suyan e TT acharam que era tempo de resgatar a memória do local e ela começou a pesquisar a história do espaço. O poeta morreu em 2020 e a artista plástica deu sequência à ideia. O resultado está em A nave 508: Espaço dos insistencialistas, que será lançado na sexta-feira no Beirute da 109 Sul.

Suyan dividiu a história do espaço em duas fases e concentrou o livro nesses dois momentos. “A primeira é quando é inaugurado, em 1975. E, em 1986, fecha para a primeira reforma. É dessa parte histórica que vou falar”, explica.

Para dar forma ao livro de 282 páginas, Suyan realizou mais de 50 entrevistas com artistas, músicos, atores, diretores de teatro e frequentadores do espaço. “Por conta da surdez, tive que contratar cinco decupadores de texto e, quando li as entrevistas e comecei a escrever o texto, senti uma necessidade de fazer uma contextualização do que acontecia no mundo, que era a contracultura, tanto nos Estados Unidos e na Europa quanto no Brasil e em Brasília”, conta. “O primeiro momento do espaço foi de ebulição exacerbada da cultura em Brasília. A gente viu ali um espaço que produzia diariamente em termos de artes cênicas, plásticas, música e dança. O galpão estava ao lado da Escola Parque. Esse espaço galpão, a escola, o Sesc e o (bar) Beirute era um circuito de produção artística nos anos 1970 e 1980”.

A segunda fase, entre os anos 1980 e 1990, foi marcada por direções emblemáticas, como a de TT Catalão e de Wagner Barja. “São várias direções, cada uma com sua característica particular”, explica Suyan, que também faz, no livro, uma homenagem ao ator e professor João Antônio. “É graças a ele que temos esse local, ele viu esses espaços da Novacap sem função nenhuma e decidiu pedir para o então secretário de Cultura na época, Wladimir Murtinho, para abrirem o galpão”, conta.

O Espaço Cultural Renato Russo nasceu com o Teatro Galpão, em uma espécie de armazém que havia sido sede da Fundação Cultural e foi transformado em espaço cênico. Em 1975, o diplomata Wladimir Murtinho, então secretário de Educação e Cultura do DF, deu início a uma ampliação que incorporaria o Teatro Galpãozinho e as galerias para, em 1977, abrir como Espaço Cultural 508 Sul. O nome de Renato Russo seria acrescido em 1999, em homenagem ao vocalista e compositor da Legião Urbana.

Algumas reformas nos anos seguintes acabaram por fechar o espaço que, em 2013, foi interditado por determinação do Corpo de Bombeiros Militar do DF por causa da deterioração das instalações. Uma reforma teve início em 2016 e o local foi reaberto em 2018, mas mal teve tempo de voltar a funcionar a pleno vapor. Acabou fechado, no ano passado, por causa da pandemia do novo coronavírus.

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