Festival de Veneza

Jane Campion, ícone do feminismo, concorre em Veneza com filme sobre machismo

A cineasta neozelandeza Jane Campion, volta a mostra competitiva de Veneza depois de mais de 20 anos, com o filme "The Power of the Dog"

Agence France-Presse
postado em 02/09/2021 17:26 / atualizado em 02/09/2021 17:27
 (crédito: MIGUEL MEDINA / AFP)
(crédito: MIGUEL MEDINA / AFP)

A célebre cineasta neozelandesa Jane Campion, ícone do feminismo, volta à mostra competitiva do festival de Veneza depois de mais de 20 anos, com "The Power of the Dog", filme que retrata o universo machista e, sobretudo, suas contradições.

A autora do premiado "O Piano", mestre no uso majestoso de paisagens, longos silêncios e gestos lentos, consegue descrever a arrogância, a prepotência e a violência que afetam a vida de dois irmãos caubóis no começo do século XX em um rancho perdido no estado de Montana, nos Estados Unidos.

Com uma fotografia impressionante, em meio a planícies vastas, cercadas de montanhas, "The Power of the Dog", baseado no romance homônimo de Thomas Savage, produzido pela plataforma Netflix, consegue transmitir a rivalidade, a tensão crescente e o terror que envolve o rancho.

Protagonizado por Benedict Cumberbatch no papel de um temido e carismático caubói, o filme introduz o espectador em um mundo cada vez mais agressivo e insuportável, um verdadeiro thriller psicológico, com a chegada da esposa de um dos irmãos, Rose (Kirsten Dunst), e do filho de um casamento anterior, personagens aparentemente mais moderas e diferentes.

A única diretora ganhadora na França da Palma de Ouro até a chegada, este ano, de Julia Ducournau, descreve através de seu estilo pessoal o confronto entre essas duas visões, mas ao mesmo tempo, deixa entrever que nem tudo é como parece, que todos e cada um têm seus defeitos e segredos, que nem tudo é preto no branco.

Sério candidato ao Leão de Ouro, distribuído pela Netflix a partir de dezembro, o filme foi elogiado por alguns críticos durante a projeção para a imprensa.

"É o retrato de uma época e algumas mulheres podem se sentir um pouco frustradas com o personagem de Rose, mas naquele momento as mulheres não tinham muitas opções", admitiu a diretora, que pela primeira vez se concentra em um personagem masculino e sua homossexualidade. 

 


© Agence France-Presse

 

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