Brasília precisa de mais palco. É o comentário que se ouve nas redes sociais sobre a quantidade de bandas ótimas que se apresentam nos resilientes espaços musicais das cidades do Distrito Federal. E precisa mesmo, principalmente para ouvir grupos como Joe Silhueta, estrelado pela voz acelerada e única da vocalista Gaivota Naves faz parte dessa onda que purifica a música brasiliense.
A bola da vez da Joe Silhueta é Tropicalipse, o novo single recém-lançado nas plataformas digitais. Gaivota adianta que, na sequência, “haverá um segundo single antes de lançarmos o novo álbum, que está previsto para outubro e se chama Sobre saltos y outras quedas.
Tropicalipse foi composta em 2019, enquanto a banda fazia turnê do primeiro álbum Trilhas do sol, lançado em 2018. O incêndio da estátua de Borba Gato, mês passado, em São Paulo, foi uma coincidência que acaba ajudando a contextualizar ainda mais a canção. “Tropicalipse trata da coisa decolonial. É uma vontade de questionar o endeusamento que fazemos de pessoas que foram assassinas, que estupraram a terra e várias culturas”, explica a cantora.
Joe Silhueta percorre várias estantes sonoras, do rock and roll ao folk americano, passando pelo psicodelismo e os ritmos brasileiros. Joga tudo nas guitarras coloridas pela voz da performática Gaivota. “O disco tem uma pluralidade de sons. Tem influências como do samba, do eletrônico e do axé. Já Tropcalipse tem uma coisa mais violeira, do trovador, do cancioneiro nacional e do contador de histórias, que é uma marca da musicalidade de Joe Silhueta”, detalha Gaivota.
Autor de Tropicalipse, um poema cantado, o guitarrista-violonista Guilherme Cobelo, conta que fez a letra pensando na genealogia do atual “cidadão de bem”, quem segundo o artista, é cheio de rancores, ressentimentos, cobiça, inveja e ódio. “Eu tinha em mente um roteiro que apresentasse a transformação do navegante em bandeirante até chegar neste cidadão que desde 2018 se desmascarou e se sentiu muito à vontade para botar suas garras para fora”, lembra Cobelo.
Na estrada
As composições de Sobre saltos y outras quedas foram feitas na estrada, entre 2018 e 2019. De volta a Brasília, no final de 2019, correram para o estúdio gravar o álbum. Quando a mixagem estava prestes a começar a ser feita veio a pandemia, adiando o lançamento do projeto. “O disco tem uma pluralidade de sons. Influências como do samba, do eletrônico e do axé. Já Tropcalipse tem uma coisa mais violeira, do trovador, do cancioneiro nacional e do contador de histórias, que é uma marca da musicalidade de Joe Silhueta”, detalha Gaivota.
Além das vozes de Guilherme Cobelo e Gaiota Naves, Joe Silhueta é também formado por Sombrio da Silva (clarinetes, sanfona e synth), Marcelo Moura (baixo e voz), Carlos Beleza (guitarra e voz), Márlon Tugdual (bateria) e Tarso Jones (teclado).
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira