Após quase dois anos adiado em razão da pandemia da covid-19, o Miss Brasil Mundo está de volta. Esta edição é marcada pela diversidade e pela representatividade, quebrando alguns padrões das competições de beleza. Entre as 48 candidatas, a Miss Centro Goiano, a modelo Rayka Vieira, ganha destaque por ser a primeira candidata trans a participar do concurso.
Nesta quinta-feira (19/8), a final será realizada no Brasília Palace, tradicional hotel da capital, onde foi eleita a primeira Miss Brasília, em 1959. O evento será transmitido pela TV CNB (YouTube) e pela página do Facebook do Global Beauties, às 18h30. A eleita será a 61ª representante do Brasil no Miss World, em 70 anos de história. Elís Miele, atual Miss Brasil Mundo, coroará a sucessora.
A vencedora concorrerá ao título de Miss World, em Porto Rico. Esse é o mais antigo e principal concurso de beleza do planeta, com cerca de 120 países e territórios participantes e audiência televisiva anual de 2,5 bilhões de pessoas. A primeira edição aconteceu em 1951, em Londres.
Elís foi a primeira miss a estar no cargo por dois anos consecutivos. Ao Correio, ela afirma ter sido uma oportunidade única: "Foram dois anos de reinado e eu acredito que isso tenha sido um marco do mundo miss porque os concursos acontecem anualmente. Geralmente, uma miss tem o cargo de 10 a 12 meses, aproximadamente, mas o meu ano, por conta da pandemia, o reinado foi estendido".
"É uma honra para mim ter sido miss por dois anos consecutivos, apesar de infelizmente algumas atividades terem sido canceladas. Eu pude aprender muito ao longo desse período. Vai ser um marco que vou deixar, um legado que vou permanecer dentro do mundo miss, que vou levar por toda minha vida", completa.
Sobre as candidatas, ela conta ter uma expectativa positiva para a nova coroação: "Nós temos candidatas extremamente dedicadas e preparadas. Acredito que, pelo fato de que no ano passado não houve concurso, as meninas tiveram mais tempo de preparação e puderam chegar aqui com muita excelência. Fazer parte do corpo de jurados nesses últimos dias me mostrou o quanto essas meninas desejam permanecer e dar continuidade a esse reinado. Fico muito feliz com isso, porque eu sei da responsabilidade que é. Fico com o coração tranquilo, pois sei que a vencedora vai estar mais do que preparada para dar segmento nessa história maravilhosa e principalmente, que é o nosso objetivo, nos representar muito bem no Miss World".
Preparo
Durante período de espera até que o concurso fosse retomado, as candidatas participaram de uma série de ações sociais, em especial ajudando vítimas da pandemia. Além da participação de 26 unidades da federação (apenas Roraima não está sendo representada) e de diversas regiões de interesse turístico e/ou econômico do país, as misses apresentam vivências variadas, característica rara no histórico dos concursos de beleza brasileiros.
“Elas são todas jovens engajadas. Muito mais do que sonhar, se empenham para realizar os objetivos de carreira. Além disso, as misses de hoje em dia usam a voz para defender importantes causas. É hora de as pessoas abrirem as mentes e entenderem o grande valor e o papel dessas jovens mulheres na sociedade", comenta Marina Fusquine Fontes, co-diretora do CNB.
Representatividade
Em entrevista ao Correio, Rayka Vieira contou que, como primeira candidata trans do concurso, está muito feliz: "Eu sinto que é uma representatividade muito grande, eu estou extremamente feliz pela oportunidade e eu acredito que eu não serei a única. Estou sendo a primeira, mas acredito que vou abrir portas para outras mulheres que assim como eu, sonham alto e vão atrás".
A modelo acredita que a participação dela no concurso irá abrir espaço para que outras também se sintam motivadas a participar: "Isso vai dar um gás para todas as mulheres. Independente de ter uma mulher transgênero ou não, porque o nosso Brasil é um país diverso. Então seja mulher mais cheinha. Os concursos hoje já não são mais os mesmos".
"Tem aberto portas para várias mulheres, para biotipos, seja transgênero, seja negra, seja magra, que seja um pouquinho mais baixinha ou mais alta. Eu fico muito feliz que a gente está levando uma bandeira e para mim é uma honra muito grande", desabafou.
Sobre as expectativas para representar a comunidade LGBTQIA+, Rayka conta estar muito grata: "A minha expectativa é abrir novas portas e novas oportunidades para mulheres trans que sonham em estar aqui, que sonham em estar ocupando espaço. O que falta é oportunidade. (O concurso) incentiva os profissionais a dar oportunidade para muitas mulheres que, assim como eu, sonham alto. Estamos aqui para ocupar diversos espaços, não só na área da beleza. A gente é diversa e podemos estar em todos os lugares".
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Candidatas
Além de Rayka, há uma série de candidatas com a "bandeira" da representatiivdade, como a imigrante coreana Larissa Han, Miss Coreia-Brasil. Há candidatas com fortes traços indígenas, como a atriz e modelo Dandara Queiróz, Miss Mato Grosso do Sul CNB. Também há cinco candidatas afro-descendentes, entre elas, uma cientista e doutoranda natural de Tartatugalzinho, no Amapá: Abthyllane Amaral. Já a representante do Rio de Janeiro, Janaína Ribeiro, é a primeira deficiente auditiva a concorrer a este título de beleza nacional.
Algumas participantes trilharam carreira de modelo de sucesso no exterior, como Ariely Stoczynski, de Goiás, e Larissa Barros, do Piauí, agora em busca do sonhos de ser miss. Este é o caminho oposto das misses de antigamente, que muitas vezes se inscreviam nos concursos de beleza visando uma oportunidade no mundo da moda.
Há também histórias de superação, como as das duas candidatas que venceram batalhas contra o câncer: Miss Paraná CNB, Emily Souza; e Miss Distrito Federal CNB, Caroline Teixeira, que interromper carreira promissora como jogadora de basquete, tendo atuado em uma equipe dos EUA.
Das 48 candidatas, 12 já concluíram cursos universitários, sendo que duas são pós-graduadas. 27 cursam faculdade, sendo as carreiras mais populares o direito e a comunicação social. Há engenheiras, odontólogas, arquitetas, nutricionistas e futuras médicas e médicas veterinárias.