Crítica // Ema ####
Uma olhadela na filmografia do chileno Pablo Larraín entrega alguns focos correntes de interesse: a sexualidade feminina (ele é produtor de Uma mulher fantástica, vencedor de Oscar, e também de Glória), denunciou opressões (com os longas No, Post Mortem e ainda O clube, sobre abusos religiosos) e tem um amor por personagens libertários e inconsequentes (vide Tony Manero, de 2008).
O ator Gael García Bernal está no papel de Gastón, no drama Ema, e prova a qualificação de intérprete (muito superior à participação em Tempo, em cartaz). Mas, ele não é o centro do filme, como um homem de sexualidade fluida. Quem arrebata é Mariana Di Girólamo, que defende a instável dançarina Ema. Mãe ausente e insegura, se nutre do amor pelo filho adotado que deixou escapar. Sem foco ou determinação, até mesmo por causa da existência (e ausência) do filho Polo e de enorme drama, Gastón e Ema atravessam crise.
Presente na seleção do Festival de Veneza de 2019, Ema traceja o obscuro caminho dos personagens de Larraín, metidos em climas incertos. Em Ema, há sequências inflamáveis de dança à crítica ao reggaeton e uma proposta incandescente na telona. Tudo a um ritmo bem peculiar.