Tantas Palavras


Frio

Nessa aquarela de tristeza
amanhece mais um dia
que faz turvas as cores
sobre este rio de remelas
serpenteando ao redor dos olhos.
Este cinza agora no céu
se agita como uma vibração desordenada
frente à tonalidade dissolvida
das mortes
que se morre todos os dias.
Quando se desintegra a noite,
outro dia vem,
mas a luz não se mantém acesa
e a dor que o vento traz
talha todos os murmúrios.

Jonas Pessoa