A mostra Subúrbia - Arte e cultura da Estrutural foi concebida como uma proposta de mão dupla: levar artistas de outras cidades para a Estrutural e mostrar a arte da Estrutural para outras cidades. No entanto, a uma semana da estreia, o projeto teve de ser adiado, de maneira abrupta, com a irrupção da pandemia do coronavírus, no início do ano passado. Agora, os organizadores avaliaram que a mostra era inadiável e decidiram realizar a ideia no formato virtual, o único possível com segurança na pandemia.
São 20 atrações marcadas pela diversidade de linguagens: batalha de rima, hip-hop, grafite, performance, zumba e teatro. Elas estarão reunidas em live, transmitida pelo YouTube, a partir de hoje até domingo. A transmissão será feita no palco do Sesc Newton Rossi de Ceilândia: “A mostra não era para ser uma live”, explica Analu Rangel, uma das integrantes da Cutucarte, produtora do evento: “Ia acontecer, presencialmente, na Estrutural. A ideia é ampliar o publico dos artistas da Estrutural. Mas, com a pandemia, o projeto mudou de formato. Agora, a arte da Estrutural será exposta para um público muito mais amplo por meio das redes sociais.”
Embora a notícia da existência de um movimento artístico forte na Estrutural possa surpreender os desavisados, Analu considera que não há motivo para o espanto. Na verdade, sempre existiram muitos artistas na periferia, mas eles não tiveram oportunidade de mostrar os seus trabalhos: “Isso não acontece somente na Estrutural, mas, também, em toda a periferia do DF. Com iniciativas como essa da Subúrbia, queremos ajudar que esses artistas da periferia sejam vistos e conhecidos. Estamos muito habituados a irmos ao Plano Piloto para assistirmos a um show de música. Mas queremos descentralizar, mostrar que existe vida cultural na periferia, o que falta é oportunidade de mostrar o trabalho”.
É difícil definir qual a feição da arte produzida na Estrutural. Ela se multiplica em múltiplas linguagens, da arte de rua do grafite ao teatro, da batalha de rima à performance, do artesanato à zumba: “O que marca essa produção é a diversidade. Todas essas linguagens representam a arte periférica”.
Depois do choque da pandemia e de um longo período de confinamento, os produtores do evento chegaram à conclusão de que não havia mais como adiar o projeto e era preciso encontrar um meio de mostrar a arte da Estrutural: “Já que não foi possível levar a arte de outros lugares para a Estrutural, decidimos levar a arte da Estrutural para o mundo, com os recursos virtuais. Tem artistas da Ceilândia que acumulam 20 anos de estrada e não são conhecidos. Por isso, esse projeto é importante. É uma oportunidade de conhecimento e de reconhecimento para os artistas”.
A Cutucart é uma produtora de conteúdo que existe desde 2006 e nasceu de um coletivo de arte. O evento tem o apoio do FAC (Fundo de Apoio à Cultura do DF). Os integrantes entendem que a mostra Subúrbia é um acontecimento cultural e um gesto de resistência em meio ao caos de uma pandemia: “Fazer essa mostra, nesse novo formato, para movimentar a cultura da cidade, com artistas locais e sem deixar de pensar na segurança de todo mundo, é um alento. Pois queremos também esse alimento que a arte traz para a gente. Em um período em que a própria vida está sendo negligenciada, ter diversos artistas podendo levar sua voz, sua expressão para o público, realmente é muito significativo para a gente”, afirma Bia Oligar, outra idealizadora do projeto.
Subúrbia – I Mostra
de Arte e Cultura da
Cidade Estrutural.
Live com transmissão pelo Youtube.