Notas de família

Dia dos pais: conheça os ritmos que embalam laços paternos de diversas gerações

O Diversão & Arte conversou com pais e filhos para descobrir os estilos e as diversidades musicais de cada geração

O Dia dos Pais é uma data especial para unir a família. Mesmo na correria do cotidiano, abre-se espaço e tempo para programas conjuntos. Ouvir música e tocar instrumentos é uma forma de as gerações cantarem a mesma língua por alguns minutos. As diferenças de estilos e gostos desaparecem quando pais e filhos entram em sintonia.

O Diversão & Arte conversou com alguns pais e filhos para descobrir quais são os estilos musicais de cada um, como eles entram em consenso na hora de aproveitar esse momento em família e se, ao longo dos anos, o gosto musical de um interferiu nas playlists do outro.

Influência do paizão

Economista aposentado do Banco Central, Nelson Tavares Serra (80 anos), gosta de ouvir músicas da sua época, como samba, choro, bossa-nova e clássicos internacionais, porém aprendeu a gostar de choro com o filho, Nelson Luis Ferreira Serra (35), conhecido também como Nelsinho.

O pai sempre incentivou Nelson Luis a aprender a tocar cavaquinho e chegou até a fazer aulas de pandeiro na época em que o filho estudava na Escola de Choro. “Gosto mais do estilo musical dele e aprecio imensamente a sonoridade e o rico repertório que me foi apresentado no campo do choro. Estar ao lado dele, tocando ou assistindo, são momentos de grande importância, de elevação do espírito, de admiração e proximidade maior com o filho”, destaca o paizão.

O incentivo foi tão grande, que hoje Nelson Luis se tornou músico compositor, arranjador, professor e instrumentista e toca cavaquinho há 25 anos. “Meu pai me ensinou a levar a vida da melhor forma possível, sempre com serenidade, carinho, respeito e afinco. O cavaquinho foi escolhido como instrumento de trabalho, a seriedade na profissão, foi papai que me ensinou”, comenta o filho.

Quando a família está reunida tocando e cantando junta, Nelsinho conta que sempre dá um jeito de incluir a música preferida do pai. “Sei que a preferida dele é Manhã de carnaval, de Luiz Bonfá. Quando ele está me assistindo, tento incluir no repertório imediatamente”.

Do rock ao pagode

Luiz Arnaldo Pires, 57, é médico e pai de três filhos: Beatriz 28, Cecília, 25 e Otávio, 17. Pelo menos uma vez na semana, a família se reúne para cantar e tocar músicas, mesmo que os estilos musicais sejam bem diferentes entre eles. Enquanto o pai e o caçula gostam de rock, as filhas Beatriz e Cecília ouvem desde MPB até pagode.

“Quando estamos juntos, ouvimos o que eles gostam, sertanejo e pagode. O menor odeia (risos). Com funk que as meninas adoram, eu e o Otávio saímos de casa (risos). Mas quando a mãe chega, tem que ser MPB”, diz o pai, com humor.

Saiba Mais

A filha do meio, Cecília, revela que apresentou ao pai estilos diferentes para que ele aprendesse a tocar no violão e ela e a irmã cantarem. “Comigo e com minha irmã, Beatriz, ele passou a ouvir Pitty, alguns rocks alternativos e as músicas tendências do momento, porque ele toca tudo, e a gente faz ele aprender pra gente cantar.”

O pai toca violão desde pequeno, “ainda tenho meu primeiro violão que ganhei há 46 anos”, e incentiva os filhos a aprenderem também. “Ele é muito musical e gosta de tocar o que estamos ouvindo, o que ajuda no aprendizado”, completa Beatriz.

As influências musicais do pai refletiram no gosto parecido que o filho mais novo tem, tornando o momento juntos ainda mais especial. “Desde pequeno, meu pai me mostrou a música que escuto até hoje, desde Os Beatles até Pavarotti. Sempre gostei de compartilhar momentos assim com o meu pai, principalmente por me parecer tanto com ele”, afirma Otávio.


Samba como paixão

Servidor público aposentado, Wilson José Rodrigues Abreu, 66, é pai de quatro filhas: Carolina, 36, Gabriela, 34, Mariana, 29, e Fernanda, 20. Nascido no Rio de Janeiro, Wilson cresceu perto da Portela, o que tornou o samba um dos seus gêneros musicais favoritos. A música era essencial durante as viagens de carro que faziam para manter a atenção no transito e se transformavam em momentos especiais.

“Em viagens com meus filhos, ouvimos MPB. Isso não ocorria para tentar influenciá-los, mas com o propósito de me deixar mais desperto pelo fato de poder ouvir e cantarolar dirigindo as músicas do estilo musical de que mais gosto, tornando momentos enriquecedores do sentimento amoroso familiar”, contou Wilson.

Gabriela, 34, lembra dos momentos em que ia para a escola cantando com o pai e a irmã mais velha, Carolina (36). “Eu e a Carol, as duas pequenas, com o uniforme da escola, cantando com meu pai Chega de saudade. Já fiz muita prova de história cantando algum samba-enredo na minha cabeça que falava sobre o assunto. Me salvou várias vezes!”, conta.

O gosto pelo samba fez com que Wilson desenvolvesse uma habilidade que deixa Carolina sem palavras até hoje. “É a pessoa que mais conhece sambas-enredos que eu já vi na vida. Aprendi história do mundo, biografias e conheci o Brasil por meio dessas músicas que ele cantava”, ressalta.

A filha mais nova, Fernanda, 20, diz que esses momentos juntos são importantes para a fortalecer os laços entre eles e até apresentou novos estilos a ele. “Mostrei alguns grupos de k-pop, e ele adorou as coreografias e os MV’s (music videos). A música é capaz unir as pessoas, e isso acontece sempre que escutamos música em família”, concluiu.

Tradição familiar

Fernando César, 50, é músico e professor da Escola de Choro Raphael Rabello. O choro está presente diariamente na sua vida, porém, mesmo assim, Fernando tentou não influenciar seu filho Bento, 13, que toca contrabaixo elétrico.

“O Bento é muito curioso e pesquisa sobre muitas coisas que estão saindo atualmente mundo afora. Recentemente, ele me mostrou três choros que não sabia tocar, sendo que um deles nem conhecia, tive que aprender para acompanhá-lo”, destaca.

Os momentos junto ao pai são de lazer para Bento, que também aproveita para aprender. “Meu pai me ensina a tocar muita coisa”, diz Bento. E são esses momentos de aprendizado que Fernando valoriza, pois ele também teve essa experiência com seu pai.

“A música proporciona um prazer imenso de poder dividir isso com ele, é uma coisa maravilhosa, difícil de explicar. Esses momentos eu também dividi com meu pai (José Américo) e com meu irmão (Hamilton de Holanda). Então, é algo que vem passando de geração em geração, porque meu pai teve isso com meu avô também, o que se tornou uma tradição familiar”, explica Fernando.

 

 

Divulgação/ Gabriela Abreu - Divulgação/ Gabriela Abreu
Divulgação/ Gabriela Abreu - Divulgação/ Gabriela Abreu
Divulgação / Fernando César - Divulgação / Fernando César