Cineclube

Depois da adoção de novos formatos, cineclubes estão a todo vapor em Brasília

De modo on-line, ou com retomada de atividades presenciais, cineclubes de Brasília cumprem a missão de entreter ao mesmo tempo em que geram discussões e ampliação de conhecimento

Ricardo Daehn
postado em 29/08/2021 07:03
Jeferson Dantas, em uma das atividades originadas pela Biblioteca da UnB -  (crédito: Internet/ Reprodução)
Jeferson Dantas, em uma das atividades originadas pela Biblioteca da UnB - (crédito: Internet/ Reprodução)

Ao perambular, por rotas de metrô e praças que servem como palcos momentâneos para apresentações musicais e performáticas, artistas que protagonizam o documentário Trilha sonora da cidade (de Edu Felistoque) impulsionam a transformação pela arte, num cenário inesperado. É com o mesmo sentimento de renovação do filme a ser mostrado no Cine BDB (organizado pela Biblioteca Demonstrativa do Brasil, 506/7 Sul), que o formato consagrado de cineclubes, na realidade da pandemia, tem sido alterado, com muitas exibições de filmes (seguidas de debates), feitas em ambiente virtual, numa realidade para a capital que ainda acolhe exibições presenciais.

Com curadoria de Tistá Felinto, e com exibições pelo facebook (e no www.youtube.com/bdbcultural), o Cine BDB trará, no dia 10 de setembro, às 21h, Edu Felistoque contando da trajetória e da inspiração para o filme a ser exibido nas plataformas. "Nosso cineclube tem muito da programação alinhada à literatura, ao folclore e às artes", conta um dos organizadores, Marcos Linhares. Cora Coralina — Todas as vidas e Celeste & Estrela estão entre os longas já debatidos.

Iniciativa da Fundação Atrojildo Pereira, as atividades do Cineclube Vladimir Carvalho (Espaço Arildo Dória, no Conic) serão retomadas, às sextas, às 13h30, a partir de 3 de setembro, com a exibição de A hora da estrela, em que a datilógrafa Macabéa encontra um destino trágico, no filme assinado por Suzana Amaral. Outra diretora exaltada na programação de setembro será Ana Carolina, autora de Mar de rosas, sobre desdobramentos de violência doméstica. Diretores emblemáticos como Linduarte Noronha e Humberto Mauro também serão celebrados.

Inclusivo e gratuito, o Cineclube BCE-UnB extrapola a grade extracurricular, e, mobilizando servidores e estudantes, oferta espaço de debate por meio do endereço www.bce.unb.br/cineclube. Regular, sempre na terceira quarta-feira de cada mês, gera discussões permeadas de atualidade como o incêndio da Cinemateca Brasileira, homoafetividade a popularidade dos animes e vocações profissionalizantes.

"Já tivemos a participação da atriz Camila Márdila, diversificamos temas que tocaram Campus da UnB, no Gama e em Planaltina. Discutimos de perspectivas de mulheres na ciência. Nos temos média de nove participantes no chat; mas as discussões, via YouTube, atraem entre 40 e 200 interessados", conta o coordenador Jefferson Dantas, bibliotecário há 17 anos.

Adesão

"O público tem respondido. A ideia no Cine Coco (Paranoá) é de que, a cada edição, apresentemos um curta-metragem com narrativa diretamente ligada a temas sociais, movimentos específicos e obras que marcaram trajetórias anteriores à pandemia. Há sessões carregadas de nostalgia e muitas histórias de lutas, conquistas, memórias e saudade de outros tempos", pontua Januário Jr. do cineclube on-line integrado ao Projeto Territórios Culturais, que conta com fomento da Secretaria de Cultura e Economia Criativa DF.

Engajamento, comentários e depoimentos ao vivo são o termômetro de interação junto à comunidade, que atende à inscrição prévia (pelo e-mail territorioparanoa@gmail.com), para acompanhar o filme e debates com os realizadores. No dia 7 de setembro, às 19h, será mostrado Batalhas pelo patrimônio, batalhas pela história. "O documentário teve pesquisa no Paranoá, um antigo acampamento operário, com o objetivo de ampliar a noção de patrimônio-cultural em Brasília. Tudo numa perspectiva em que emergem não só lugares, edificações e lembranças, mas sobretudo uma outra história, considerada por seus personagens — mulheres e homens comuns", reforça Januário Jr.

Com retomada de encontros, on-line, em setembro, o Cineclube Cemeit (Centro de Ensino Médio EIT, em Taguatinga) terá foco em curtas-metragens. Gratuito, para além de destinado a estudantes entre 14 e 18 anos, o cineclube fica vistoso para a comunidade, a partir da participação de convidados como o cineasta Adirley Queirós. "Nos últimos cinco anos, focamos em temas sobre Direitos Humanos e Diversidade, por encaminhamento das equipes de alunos. "Os estudantes participam da escolha dos filmes, assistem e nos encontramos no google meet para conversar. A adesão tem sido boa", conta Flávia Felipe, na coordenação do projeto existente desde 2010.

Presente na Ceilândia, com programação, à noite, na área interna de galpões da Praça do Cidadão e debates em torno de impactos sociais irmanados ao projeto Jovens de Expressão, um cineclube estruturado em 2019 está com retorno em fase de estudos. Representante de ações como Cinema no Parque e #ocupaplanaltina (com retomada em definição), Tamara Naiz não esquece de experiências como a das exibições de cinema, pré-pandemia, no Parque Sucupira. "Existia muito deslumbramento em espectadores que nunca haviam ido a uma sala de cinema".

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