"A experiência que tive com o filme Colegas (2012), no Festival de Gramado, foi inesquecível. Ver os três atores Down subindo no palco para receberem seus Kikitos, ganhar o prêmio de melhor filme no festival e poder exibir Colegas com audio-descrição para um grupo de deficientes visuais que vieram de longe, foi simplesmente incrível", conta o cineasta Marcelo Galvão. Foi no ambiente (virtual) da projeção no Palácio dos Festivais (Gramado), que o mais recente filme dele (Fourth grade), que Galvão viu encerrada a programação do festival gaúcho que terá premiações reveladas na noite deste sábado (21/8). Hoje também Colegas será projetado em Brasília (às 18h), de graça, em evento da Concha Acústica.
Em retrospecto, Galvão celebra a bem-sucedida exibição, sob estrutura de audiodescrição (ao vivo), que permitiu ao produtor do filme (e grande dele) Marçal Souza, deficiente visual, assistir, pela primeira vez, ao filme que ele o ajudou a fazer. Colegas será mostrado antes de Cícero Dias, o compadre de Picasso (de Vladimir Carvalho), às 21h.
Um pacote de maconha, desembrulhado em meio a conflitos de pais em reunião escolar, é elemento de crise e risadas, em Fourth grade. "Acho que a sociedade americana talvez se identifique mais com o filme, pois escrevi tendo ela como base, mas acho que a maior diferença está no momento que estamos vivendo, bem mais aberto a novas ideias do que quando fiz o Quarta B (filme nacional, feito há 18 anos, e que moldou o atual).
Além dos tópicos que já eram abordados no filme original como, educação, drogas, valores sociais, há inovação: "Essa adaptação traz como tema central a visão de um outsider dentro de uma sociedade extremamente elitista e excludente, onde a pauta de reunião é o estopim para gerar uma briga desleal por uma sobrevivência social", conta o diretor conhecido ainda por A despedida (2014).
Com The killer, Marcelo galgou o posto de criar o primeiro filme original brasileiro da Netflix, fator
de realização, ao " ter o filme na plataforma, para milhares de pessoas assistirem". Protagonizado por Mena Muvari (Beleza americana), William Baldwin e Teri Polo, Fourth grade foi concluído uma semana antes do estouro da pandemia. Marcelo Galvão, depois de seis anos morando em Los Angles, acaba de mudar para a Flórida. Na experiência no exterior, ele conta que está aprendendo a produzir filmes que se paguem.
Nessa linha, Fourth grade veio com tudo bem planejado e sem nenhum contratempo. "Tudo graças muito à parceira e produtora Gabriela Kulaiff, a Giordano Biagi e Caio Vechio. Filmamos tudo em apenas oito dias, em uma única locação, com um dia apenas de ensaio. William Baldwin não acreditou que fosse possível, e no último dia de filmagem veio nos dar os parabéns", diz, realizado.
Mas, e o elenco internacional intimidou? "No começo fiquei preocupado, mas, no ensaio, já deu para todos perceberem que estávamos no mesmo barco, prontos para fazermos um filme lindo e nos divertirmos bastante. O grande segredo pra fazermos o público aguentar ver um filme de uma hora e meia dentro de apenas uma locação, vem de outra vertente: tudo é conflito, conflito e mais conflito", conclui.
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