Num país latino-americano, impiedosos vilões e heróis estão dispostos para um enfrentamento. Instabilidades políticas enfraquecem os bandidos, mas, à primeira vista, os heróis também parecem desacreditados — especialmente, quando os espectadores de cinema buscam o antecessor do novo longa-metragem O Esquadrão Suicida (que estreia nesta quinta-feira). Vale destacar que o filme Esquadrão Suicida, assinado por David Ayer, em 2016, cravou retumbante fracasso.
Mas, o grupo de heróis sacudiu a poeira e, sob a direção de James Gunn (da franquia Guardiões da Galáxia), renasceu intacto. Quem recruta todos é Amanda Waller (Viola Davis), habilidosa em envolver tipos como Rick Flag (Joel Kinnaman, de RoboCop), Doninha (Sean Gunn, irmão do diretor), Caça-Ratos 2 (a portuguesa Daniela Melchior)e o Homem das Bolinhas (David Dastmalchian). Assemelhado a Deadpool (de Tim Miller), vale o alerta aos pais que, definitivamente, O Esquadrão Suicida não seja filme para as crianças.
Tendo por embrião, heterodoxos experimentos nazistas na América (como reforça um personagem), o mal maior do enredo está contido numa fortaleza, em Corto Maltese, um arrasado país insular. Frieza na intervenção ianque em republiquetas, um misterioso projeto chamado Estrela do mar e a participação de Alice Braga na trama, na pele da guerrilheira Sol, são alguns dos elementos do filme que incorpora, na robusta trilha sonora, movida a Johnny Cash e a clássica Just a gigolo, entre outras pérolas, música de Céu e Meu tambor (criação de Marcelo D2).
Com filmagens no Paramá, o longa de James Gunn vem avalizado pelos sotaques argentino de Juan Diego Botto (à frente do presidente de araque Silvio Luna) e mexicano de Joaquín Cosio (que vive um general ávido de poder). Jornalistas, dissidentes e antagonistas políticos viram alvo de uma conspiração que envergonha a ciência, no filme repleto de atualidade. Vivendo o vilão Pensador, Peter Capaldi encarna um homem com 30 anos de estudos para a relação entre hospedeiros e vírus interdimensional dedicado ao roubo de consciências alheias.
Nova liderança
Falsas pistas levam, depois de um hilário prólogo, à inicial escalação de heróis na trama ,que apresenta as estrelas do dream team nascente do Universo da DC: Sanguinário (Idris Elba) estará no comando do time. Um ano e meio depois de um voo solo (em longa-metragem muito esquecível) bastante turbulento, a Arlequina traz para O Esquadrão Suicida o frescor e o encanto de Margot Robbie. Ela é enaltecida pelo fervor antiamericano, até posa de princesa, mas não sucumbe a romantismo.
Mesmo carente de afeto, Arlequina toma das medidas mais drásticas contra pretendentes com desvio de comportamento. Numa cena de resgate, que mobiliza muitos personagens para sua libertação, Arlequina, entre manobras contorcionistas, dá o recado de que escapa, pelas habilidades próprias, sem precisar de auxílio.
Os integrantes da Força-Tarefa X divertem pelo amadorismo e pela falta de integração. Enquanto lidam com as ridículas disputas de masculinidade, os personagens de John Cena (Pacificador), Joel Kinnaman (que usa uma camiseta cool com o teor motivacional “obstáculos são oportunidades”) e Idris Elba perdem terreno para a graça instantânea do Tubarão-Rei (personagem dublado por Sylvester Stallone), abobalhado, solitário e faminto por carne humana. O bordão dele, “nham-nham”, já nasceu clássico.
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