Após o cancelamento da edição 2020 — devido a pandemia de covid-19 —, a Europa se preparava para um de seus maiores eventos culturais no fim de maio deste ano: a Eurovision. Com representantes de países de todo o continente, a ideia do festival é balancear o voto especializado e popular para decidir o melhor artista musical da Europa. Em 2021, os vencedores foram os italianos do Måneskin (nome que faz uma referência à "luz da Lua”, em dinamarquês).
O que era para ser um evento regionalmente europeu e datado, entretanto, parece seguir firme e forte mundo afora. Formado por Damiano (vocalista), Victoria (baixista), Thomas (guitarrista) e Ethan (baterista), o Måneskin vem ganhando os charts do mundo desde então.
Nesta última semana, o single Beggin’ (regravação do The four seasons, de 1967), chegou ao #35 da Billboard Hot 100 Global. No fim de junho, a faixa bateu na maior posição da playlist Top 50 - Mundo do Spotify, atualmente a canção segue em #2 no chart (nesta semana foi desbancado por Stay, parceria de Justin Bieber e The Kid Laroi).
Vale lembrar que além de Beggin’, o Måneskin também leva o #9 no Top 50 - Mundo do Spotify com I wanna be your slave. Ou seja, duas faixas no top 10 de um dos streamings mais populares do mundo, o que definitivamente não é muito comum no cenário musical italiano.
Rock and polêmicas
Do vocalista ao baterista, a idade dos integrantes do Måneskin varia de 22 a 20 anos, sendo que a banda foi formada em 2015. O breve tempo de charts, contudo, é um contraponto ao nível veterano de presença e polêmicas do quarteto.
“Achamos que todos deveriam ter permissão de fazer sem nenhum medo. Pensamos que todos devem ser completamente livres para ser o que quiserem. Obrigado, Polônia”, declarou Damiano depois de beijar o colega de banda, Thomas, em uma apresentação na tevê pública polonesa, país do Leste europeu, famoso no continente pela repressão aos direitos LGBTs.
Fãs brazucas
“Eles trouxeram um frescor para o mundo da música num geral e junto veio o potencial para revitalizar o rock. As pessoas precisam estar abertas para ver algo diferente do velho ‘sexo, drogas e rock n’ roll’. Isso não funciona mais no mundo atual, e o Måneskin representa a modernização do gênero. E bom, eles são italianos, acho que podemos chamar esse momento de a Renascença do Rock”.
Quem deu a definição, no mínimo, assertiva foi a recrutadora de TI paulista Bruna Brito, 24 anos. Ao lado das amigas Alana Nascimento, 19, (que mora no Recife) e Juliana Galvão,19, (que está no Rio), Bruna ajuda a manter perfis nas redes sociais (no Twitter e do Insta) dedicados à divulgação de informações sobre o Måneskin no Brasil.
A ideia do canal de comunicação para os fãs tupiniquins veio de Juliana, que explica mais sobre como se deu a criação do @PortalManeskin: “Para mim, a vitória do Måneskin na Eurovision foi histórica. Me indignava que praticamente todos os portais de informação estivessem inativos, que relativamente ninguém no Brasil estivesse falando dessa maneira sobre eles, então decidi criar o meu próprio, isso alguns dias depois da vitória, principalmente para exaltar os feitos da banda e em menos de um mês de Portal já tínhamos mais de sete mil seguidores, é insano porque todo mundo se apegou a eles muito rápido”.
Mas o que o Måneskin tem de diferente que outros grupo de rock não tem? A opinião de fã de Alana é direta: “Além do repertório incrível, acho que também conta o relacionamento deles entre si próprios e com o público. O carisma de todos os membros, a proximidade deles com a internet e a intimidade uns com os outros é algo que, ao meu ver, pesa muito nesse sentido. Além das músicas com letras incríveis, óbvio”.
E se os mais saudosistas criticam o “rock midiático" do Måneskin, Juliana tem a resposta mais rock raiz possível: “Acredito que muitas pessoas ainda não saibam, mas os tempos mudaram, as gerações passaram e não é do dia para a noite que as tendências voltam. É um momento de transição. O fato de o Måneskin realmente misturar os estilos Pop-Rock e alcançar o topo dos charts com músicas desse gênero, não quer dizer que também não façam músicas voltadas para um Rock, um exemplo disso são Lividi Sui Gomiti, In Nome Del Padre, For Your love e Zitti e Buoni do álbum mais recente, Teatro D’Ira – Vol. I. Muitos desses comentários são feitos sem que os autores conheçam a discografia da banda, e sim que ouçam apenas as músicas que estão se tornando virais no momento – que realmente não são aquelas mais voltadas ao Rock. Antes de tudo, para criticar, é necessário ter uma base, e não apenas falar em relação a uma ou duas músicas".
*Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer