Há duas décadas Brasília passou a ser vista como um importante polo de música instrumental. A responsável por esse feito foi a geração que tem Hamilton de Holanda como principal referência. Praticamente na mesma época, junto com o bandolinista, sugiram os violonistas Fernando César, Daniel Santiago e Rogério Caetano, o contrabaixista André Vasconcellos e o gaitista Gabriel Grossi — todos com trabalho reconhecido nacional e internacionalmente.
Desde então, só tem crescido o número de músicos que, com talento, enriquece a cena artística da cidade. Quase todos buscam aprimorar o conhecimento e a técnica, com formação acadêmica na Universidade de Brasília. É o caso de João Ferreira e Vinicius Vianna, graduados em música popular e música erudita, respectivamente, pelo Departamento de Música daquela universidade.
Em 2011, os dois formaram o grupo Dois Violões, que cinco anos depois lançou um CD homônimo, no qual homenagearam os mestres Heitor Villa-Lobos, Dilermando Reis, Ernesto Nazareth, Radamés Gnattali, Baden Powell e Raphael Rabello. Em seguida, o duo fez apresentações aqui na capital, no Clube do Choro; em Belo Horizonte, Santos e Foz do Iguaçu; e também, na Argentina, Paraguai e em Portugal.
O segundo disco de João Ferreira e Vinicius Viana, intitulado Baião de cordas, gravado em outubro de 2019, tinha previsão de lançamento para o verão de 2020, mas teve que ser adiado por conta da pandemia. Finalmente, vai ocorrer nesta sábado (31/7), às 20h, com uma live — ao vivo —, no Estúdio Orbis, no YouTube; e veiculação nas plataformas digitais.
No Baião de cordas, o duo focaliza o universo musical nordestino, em suas variedades e linguagens. O repertório traz criações de compositores consagrados, como Maracatucutê (Moacir Santos), De volta pro aconchego (Dominguinhos e Nando Cordel), Flor do coqueiro (Clodo e Clésio Ferreira) e Capricho brasileiro (Hamilton de Holanda).
Há, também, músicas autorais, entre elas Mistério (João Ferreira), Onda do jardim (Vinicius Viana), além de Camp nou e a faixa-título, compostas pelos dois. Nas gravações, há a participação de Clodo Ferreira (violão de 12 cordas), Júnior Viegas e Thiago Viegas (percussão).
“Neste trabalho, buscamos mostrar nossa visão do rico universo musical nordestino, uma das nossas fontes de inspiração”, destaca João Ferreira. “Com um mix do Dois violões e do Baião de cordas, conquistamos recentemente o Prêmio Qualicorp, que é de muita importância para o duo”, comemora Vinicius Viana.