Caldeirão de expressões culturais e vozes no Distrito Federal, Ceilândia promove, amanhã, a 7ª edição de sua feira cultural. A iniciativa, que desde o ano passado tenta se adaptar às limitações impostas pela pandemia de covid-19, volta a ser realizada, em formato on-line, para o grande público. A programação também acontece no próximo sábado (31/7) e tem como grande nome nacional o cantor e compositor paraibano Chico César. Convidado especial do projeto pelo segundo ano consecutivo, ele comandará um dos shows virtuais com seus sucessos e experimentações poéticas e musicais.
Ao todo, 17 artistas passarão pela transmissão do evento no canal da organizadora Artecei Produções Artísticas. A abertura será às 15h com artistas da MPB de Brasília. O compositor maranhense radicado no DF Markos Assunção fará o pré-lançamento do seu álbum Meu cantar vagabundo, seguido por Daniel Fernandes com seu violão e letras recheadas de referências à cultura folclórica brasileira. Os grupos Caco de Cuia e Taleta de Bambu trazem músicas tradicionais do maculelê, bumba meu boi e da poesia popular. E como a programação tem por premissa a diversidade, o som sertanejo é contemplado pela dupla André Freitas e Adriano, tocando os modões mais ouvidos pelos fãs do gênero.
Marcelo Café — criador do projeto Tardezinha do Samba — é outro nome que marca o início da feira com seu samba ceilandense. Natural do Rio de Janeiro, Marcelo Café mora em Ceilândia desde os seis anos de idade. “Sou um cidadão e artista ceilandense. Foi aqui onde tive iniciação musical e venho desenvolvendo minha carreira”, destaca Café. “Em 2015, lancei o CD Depois do samba e em agosto chega às plataformas digitais A revolução é preta, meu segundo álbum. Em meus trabalhos, busco impregnar e valorizar a estética, a identidade e a representatividade negra”, acrescenta.
A cantora brasiliense Célia Porto fará um compilado de seus quatro álbuns, reconhecidos no cenário nacional da MPB. Em um deles, ela interpreta canções de Renato Russo. No show, com duração de 40 minutos, Célia tem a companhia do trio formado por Rênio Quintas (teclados), Hamilton Pinheiro (baixo) e Steve Marta (bateria). “Vou fazer uma pequena retrospectiva da minha trajetória, cantando músicas registradas nos discos que lancei, entre elas Juriti (Aldo Justo e Paulo Tovar), Samba da bandeira (Nonato Véras), Extra (Gilberto Gil), Índios e Tempo perdido (Renato Russo).
Resistência
Quem fecha a programação do primeiro dia da feira é a rapper Rebeca Realezza, um dos nomes de maior evidência no rap do Distrito Federal e que ensaia voos para fora do quadradinho. Nascida no Sol Nascente, com ascendência brasileira e moçambicana, a cantora e compositora é ligada à música desde a pré-adolescência, mas só em 2017 passou a se dedicar ao canto profissionalmente. Com voz potente e elogiadas composições autorais, passou a ter o seu trabalho ainda mais bem avaliado após lançar em 2020 o EP Afrontosa, com sete faixas. Na música que dá título ao disco ela diz: “Não sou globeleza, tô mais para realeza/ Pantera negra, então ser braba é da natureza/ Eu sou dessa firmeza, a dona da destreza/ E tô passando com meu bonde, a cara da riqueza”.
Segundo a rapper, enquanto cidadã e produtora de conteúdo, ela busca valorizar a cultura local. “É um ato de resistência, necessário nos tempos em que vivemos, em que temos de ultrapassar os obstáculos impostos por quem não vê a cultura como algo da maior relevância para o país. Em sua apresentação, ela terá ao seu lado DJ Ketelin e as dançarinas Jocelina,Luciana, Tamara e Tatiana. “Participar desta edição da Feira Cultural de Ceilândia é algo que me traz muita satisfação, como representante da minha comunidade”, destaca.
Como convidado especial, Chico César fará o show de encerramento no dia 31 de julho, diretamente de Paris. O repertório tem por base o álbum Amor é um ato revolucionário, lançado em 2019, no qual ele comenta suas vivências político-sociais, com o acréscimo de sucessos anteriores e de novas composições, como a marchinha Pico, em que faz crítica a atuação do governo na área da saúde durante a pandemia. Complementam a programação do último dia o rapper Heitor Valente, os grupos Sete na Roda (samba), Som de Classe (MPB) e Paraibola (forró), além da Cia Articum e Fuzuê Candango e intervenção poética de Jirlene Pascoal.
Produção cultural
Idealizada por Nanci Araújo, da Artecei Produções, o evento surgiu da necessidade de reunir uma mostra da cultura de Ceilândia para todo o DF. Antes da pandemia, ocupavam-se espaços públicos, eram erguidas barracas de artesanato, comidas típicas e exposições da arte local. O trabalho também movimenta o setor de produção cultural, ocupando aproximadamente 200 pessoas, como explica Nanci. “A exemplo de 2020, neste ano vamos utilizar o sistema on-line para que os shows e outras atrações cheguem ao público. Praticamente todos os shows e outras manifestações culturais terão como palco o Estúdio Marc Csystem, instalado no Setor de Indústria e Abastecimento, observando todo o protocolo de segurança sugerido pelas autoridades sanitárias”, ressalta Rosângela Dantas, uma das produtoras da feira.
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