“Eles me chamam de liberdade”, ecoa a voz arrebatadora da estadunidense-senegalesa Marieme, em Freedom, faixa que abre o EP Songs for the revolution. O álbum de estreia da artista foi lançado este mês e conta com cinco canções que propõem uma revolução, de dentro para fora, mediada pelo amor. Com sentimento de urgência, os títulos Freedom, People, Unity, Love now, Woman apresentam a artista e a mensagem que deseja difundir por meio da obra. O disco está nas plataformas digitais e conta com videoclipes no YouTube.
Nascida na Mauritânia, Marieme precisou abandonar a terra natal e se mudar com a família para o Senegal, por causa da guerra. Aos 7 anos de idade, voltou ao convívio dos pais nos Estados Unidos, no Bronx, em Nova York. Estes emigraram, anos antes, para tentar um novo começo.
“Quando eu vim para a América pela primeira vez, eu não falava nada de inglês, então aprendi por meio da música. E devo muito à música, por também ser minha escapatória quando eu sofria bullying na escola. Tudo por que passei me moldou como um tipo de artista que não tem medo de ser ela mesma e de se amar. Falo sobre importantes problemas relacionados aos direitos civis, mas principalmente como somos capazes superá-los, como eu pude superar meus próprios traumas”, conta a artista ao Correio.
De base religiosa islâmica, a família nunca encorajou a música e, portanto, a sonoridade se moldou em gêneros como R&B, soul, hip hop, mbalax, jazz e em nomes como Nina Simone, Stevie Wonder, Bob Marley, Lauryn Hill, Billie Holiday, Whitney Houston e Mariah Carey.
As memórias da guerra, a vida no Senegal e a mudança para os Estados Unidos contribuíram para os conteúdos das poderosas letras orientadas aos temas sociais, feministas e raciais, e para a criação da identidade artística. Parte importante nesse processo, foi o fortalecimento da autoestima e do autoconhecimento, que se traduzem na minuciosa estética visual do trabalho. “Eu fico honrada em ouvir as pessoas falarem sobre a minha aparência, pois não tinha muita confiança antes. Tudo o que veem é graças à liberdade que eu sinto dentro de mim”, explica.
Marieme também fala sobre como a arte pode ajudar as pessoas a vencerem batalhas pessoais e a promoverem revoluções. “Eu adoro a citação de Picasso, ‘a arte é a mentira que revela a verdade’. A arte expõe a sociedade, a arte é o comentário humano sobre o mundo. É expressão e te faz questionar o que nos ajuda a chegar perto da verdade que solucionará os nossos problemas”, reflete. Sobre o futuro, ela explica que as pessoas devem ser o centro dessa evolução. “Nós pensamos muito na parte tecnológica e científica, mas não falamos sobre como as pessoas serão. Se mais bondosas, umas com as outras, com elas mesmas… Se se importarão com a natureza. Seremos melhores?”, questiona.
A reflexão inspirou o single viral Be the change (Seja a mudança), responsável por torná-la conhecida no Brasil e criar laços de amizade com artistas brasileiros. “Eu amo o Brasil. O que eu adoro sobre os brasileiros é que são apaixonados e prontos para viver a melhor vida deles. Por isso, sei que também estão prontas para a mudança. Eu tive o maior apoio de pessoas como a Maju, Gio Ewbank, Isis Valverde, Bruno Gagliasso e Madhouse. Eles têm sido incríveis em me ajudar a espalhar a mensagem, de que tudo é possível por meio do amor”, finaliza Marieme.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira
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