Professora de língua portuguesa e jornalista, Luiza de Carvalho Fariello escreve contos há 15 anos, mas somente agora decidiu reunir alguns textos e publicá-los. O resultado está em Essa palavra eu não falo, livro que a escritora lança nesta terça-feira, às 19h30, no espaço Infinu (506 Sul).
Paulistana, Luiza mudou-se para Brasília há 12 anos e boa parte dos contos nasceu dessa troca de paisagem. O Centro Oeste é o cenário para as histórias de personagens femininas que transitam em Brasília e seu entorno. “Sempre escrevi, desde criança”, avisa a autora, que já foi repórter do jornal Valor Econômico e decidiu trocar o jornalismo pelo ensino do português na rede pública. “Tive que achar uma unidade entre os contos para poder publicar. E achei que eles tinham uma identidade, uma voz feminina, as personagens são mulheres que não estão sendo ouvidas, que, de alguma forma, estão sendo silenciadas.”
Luiza brinca que, quando escreve e dá voz a essas mulheres, ela busca eternamente uma Macabeia, a personagem de A hora de estrela, de Clarice Lispector. “Não tanto na questão nordestina, pobre, porque nem todas as personagens têm a questão social, mas na questão de ser alguém que não é visto, que não se mostra, que mais esconde que se mostra”, explica.
Há, de fato, uma série de personagens cujo diálogo com o mundo exterior é abafado pelo silêncio. Uma mulher prestes a perder a visão no meio do Lago Paranoá passa por turbilhão de sentimentos ignorados pelos que estão ao redor, outra questiona a maternidade enquanto busca uma festa de aniversário perfeita para o filho e uma terceira é impedida de falar sobre o próprio pai para não evidenciar ainda mais a sua ausência. “São mulheres que têm dramas particulares e que não são mostradas”, diz Luiza. Essa palavra eu não falo reúne 24 contos e é publicado pela editora Patuá.
Essa palavra eu não falo
De Luiza de Carvalho Fariello. Patuá 128 páginas. R$ 40. Lançamento nesta terça (15/6), ás 19h30, no espaço Infinu (506 Sul)