O primeiro encontro entre o presidente norte-americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, propôs uma revisita à história. Os dois líderes se comprometeram a atualizar a Carta do Atlântico, um documento assinado em 1941 pelo então presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, e o premiê britânico, Winston Churchill, com diretrizes sobre laços comerciais, de viagens e tecnológicos entre os dois países. Washington e Londres decidiram abordar, no texto, ameaças contemporâneas, como os ciberataques e a crise climática.
“Nossa revitalizada Carta do Atlântico, construir sobre os compromissos e as aspirações estabelecidos 80 anos atrás, afirma nosso comprometimento contínuo em sustentar nossos valores duradouros e defendê-los contra novos e antigos desafios”, afirmam Biden e Johnson, em documento divulgado na véspera da cúpula do G7, grupo formado pelos países mais industrializados do mundo (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido) e pela União Europeia, sediada em Carbis Bay, cidade costeira do sudoeste da Inglaterra.
“Comprometemo-nos a trabalhar em estreita colaboração com todos os parceiros que partilham de nossos valores democráticos e a contrariar os esforços daqueles que buscam minar nossas alianças e instituições”, acrescentaram os líderes. De acordo com o jornal The Washington Post, o novo documento detalha oito áreas de acordo, as quais não foram divulgadas.
A atualizada Carta do Atlântico traz a “resolução de defender os princípios, valores e instituições da democracia e das sociedades abertas, que impulsionam nossa própria força nacional e nossas alianças”. “Ainda que o mundo tenha mudado desde 1941, os valores permanecem os mesmos” quando se trata de defender a democracia, a segurança coletiva e o comércio internacional, segundo Downing Street, sede do governo britânico.
“Estamos todos muito felizes em vê-lo”, disse Boris Johnson ao presidente americano, após uma caminhada com suas respectivas esposas ao longo da costa da Cornualha. As tensões em torno da Irlanda do Norte diante da aplicação do Brexit — o divórcio entre Reino Unido e União Europeia — ameaçavam um melhor resultado da reunião. Biden, muito orgulhoso da sua ascendência irlandesa, não gosta das tentativas de Londres de violar os compromissos comerciais adquiridos com a União Europeia no chamado “protocolo da Irlanda do Norte”.
O acordo permite não ter que reimpor após o Brexit uma fronteira terrestre entre a Irlanda do Norte e a vizinha República da Irlanda, membro da UE, mas torna difícil o envio de mercadorias do restante do Reino Unido para essa região britânica.