Depois de ser atropelado pela pandemia e precisar adiar um pouco os planos, a primeira etapa do projeto Territórios Culturais está pronta para mostrar a diversidade da cena artística do Distrito Federal fora do Plano Piloto. Com um ano de pesquisa, mesmo atrasada por conta da crise sanitária, o Territórios Culturais mapeou 14 centros de produção artística no DF e dá início a uma série de ações que incluem de exposições a programas de formação. “Nossa preocupação maior é fortalecer todos esses territórios fora do centro de Brasília”, avisa Tereza Padilha, uma das coordenadoras e idealizadoras do projeto. “Temos territórios riquíssimos que, inclusive, nem eu conhecia. É um projeto impressionante e não é só agora, vai ter continuidade de fortalecimento e fazer com que cada território tenha sua independência e possa seguir com os próprios passos.”
Viabilizado graças a uma emenda parlamentar do deputado Fábio Félix (Psol) de R$ 850 mil, o projeto gerou 127 empregos durante os oito meses de trabalho. “Nos últimos 15 anos, há um movimento de reivindicação de descentralização dos recursos na classe cultural de Brasília, porque, quando o recurso é descentralizado, ele contribui para o crescimento local e fortalecimento da comunidade. Os territórios são fruto dessa reivindicação histórica”, explica Dayse Hansa, coordenadora do projeto.
Os 14 territórios foram selecionados mediante um edital. Os coordenadores visitaram cada um antes de organizar as ações. “A maioria é de coletivos jovens, mas, em outra ponta, há coletivos estruturados, como os Amigos do Centro Histórico de Planaltina, e a Casa Akotirene, na Ceilândia”, diz Dayse.
O cronograma iniciado neste mês de julho vai até fevereiro, com uma série de ações artísticas, culturais e formativas nas áreas de teatro, dança, música, economia solidária e criativa, além de oficinas de fortalecimento de empreendimentos e de elaboração de projetos. Confira os 14 centros mapeados e as ações neles desenvolvidas.
A Pilastra
Centro de artes visuais, performáticas e de formação de artistas localizado no Guará, A Pilastra vai produzir quatro podcasts, palestras sobre curadoria e curso de profissões artísticas.
Amigos do Centro Histórico de Planaltina
Criada em 2007, a associação vai mapear os equipamentos culturais da região de Planaltina.
Afrocomunidades — Asè Dudu
Focado no trabalho de divulgação e preservação da cultura negra, o grupo vai produzir três oficinas.
Coletiva Pretinhas
Focado no fortalecimento de jovens e mulheres negras e na luta contra o racismo, o coletivo vai mapear artistas e grupos independentes de Samambaia, além de realizar rodas de conversas.
Casa Roxa – Coturno de Vênus
ONG lésbica feminina, a Casa Roxa quer fazer um censo LGBTQIA+ da cultura no DF, com mapeamentos de agentes culturais que serão alvo de pesquisa a ser apresentada no encerramento do projeto.
CapTal Grafite
Coletivo de jovens artistas do grafite em Ceilândia, o grupo realizará oficinas de arte pelo projeto.
Coletivo Poesia nas Quebradas
O coletivo tem proposta educacional e trabalha com literatura desde 2015, em Planaltina. Além de cinco formações, o Poesia nas Quebradas realizará intervenções urbanas para grafitar 15 muros de escolas em Planaltina. Está no programa também um sarau de poesias para o encerramento das atividades.
Escola Livre Coletivo de Ocupação Cultural Mercado Sul Vive
Localizada em Taguatinga, a escola trabalha com a valorização dos saberes populares e vai realizar capacitações e curso sobre saberes tradicionais.
Coletivo Da Barragem Pra Cá
Coletivo que reúne integrantes do Paranoá, Itapoã e Paranoá Park para tornar o lazer acessível às comunidades da região, o Da Barragem pra cá vai realizar um minidocumentário e uma oficina.
Casa Akotirene
A Casa se define como um quilombo urbano localizado na Ceilândia e dedicado a variadas ações culturais e sociais. Para o Territórios, a instituição realiza a produção de três oficinas de 20 horas cada uma.
Território Cultural Paranoá
Território da mestra Martinha do Coco, o Cultural Paranoá participa do projeto com um mapeamento de agentes culturais do Paranoá, rodas de ações artísticas, palestras, exposição de cultura e diversidade e sessões de cineclube.
Sebastianas
Coletivo formado por mulheres de São Sebastião, que são também fundadoras da Casa Frida, vai realizar bate-papos, oficinas e um evento virtual de lançamento de publicação.
Coletivo Poesianoá
O grupo de slam nasceu em 2019 com ocupação de espaços públicos com música e poesia e vai realizar uma live de lançamento de slam com oficina de produção de livro artesanal e um concurso.
Associação Artística Mapati – AAMA
O Mapati é o responsável pela gestão de todas as ações do Territórios Culturais e vai realizar uma oficina de termos de fomento, além de live com balanço das ações do projeto.
Tranzine-se
Tocado por Diana Salu e voltado para pessoas trans, o Tranzine-se vai realizar seis cursos de fanzines para o público trans.
Confira alguns dos documentários realizados para o projeto:
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