Adeus

Morre Laíla, diretor de carnaval do Rio de Janeiro, vítima da covid-19

Ele estava internado em um hospital da Zona Norte da cidade. Laíla já tinha recebido a primeira dose da vacina contra a covid-19 em março

Correio Braziliense
postado em 18/06/2021 16:25 / atualizado em 18/06/2021 16:26
 (crédito: Reprodução/Facebook)
(crédito: Reprodução/Facebook)

Morreu, nesta sexta-feira (18/08), aos 78 anos, o diretor de carnaval Fernando Ribeiro do Carmo, conhecido como Laíla, vítima de covid-19. A informação foi confirmada pela escola de samba Beija-flor. Ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Israelita Albert Sabin, na Tijuca, zona norte da capital carioca. Por volta das 11h30, Laíla teve uma parada cardíaca e não resistiu.

Em março deste ano, postou, em uma rede social, uma foto recebendo a primeira dose da vacina contra a doença. Epidemiologistas afirmam que nenhuma das vacinas são 100% eficazes, mas tornam as chances de infecção muito menores. A proteção máxima só é alcançada quando grande parte da população estiver vacinada e o vírus parar de circular.

Personalidade do carnaval

Ao longo dos 50 anos de atuação no carnaval do Rio de Janeiro, Laíla passou pela Beija-flor, Salgueiro, Vila Isabel, União da Ilha e Unidos da Tijuca, última escola em que esteve, em 2020.

Ele começou na Salgueiro, ainda nos anos 1970, mesma época que despontavam por lá nomes como Joãosinho Trinta, Rosa Magalhães, Maria Augusta, Lícia Lacerda e Arlindo Rodrigues.

Laíla era conhecido pela disciplina com a qual comandava a harmonia das escolas pelas quais passou. Foram quase 30 anos na Beija-flor, em três passagens diferentes. Após a morte do diretor, a escola afirmou que ele era conhecido pela sua genialidade e personalidade forte. "A morte de Laíla coloca em luto oficial, por tempo indeterminado, toda a família Beija-Flor", informou a agremiação.

Cristo na Sapucaí

O carnaval de 1989 foi marcado por uma das maiores polêmicas da história da festividade. A justiça proibiu o desfile de um ‘Cristo mendigo” na Marquês de Sapucaí. A alegoria, no entanto, entrou na avenida coberta por um pano preto, com uma faixa escrita “Mesmo proibido, olhai por nós!”. A ideia tinha sido um motivo de desentendimento entre Laíla e Joãosinho Trinta.

Após Laíla sugerir que a Beija-Flor levasse à Sapucaí a imagem de um Cristo abraçando uma comunidade, Joãosinho afirmou que ele teve a ideia de levar um "Cristo mendigo".

"O país estava vivendo uma crise muito grande, na época. Eu falei pro João o seguinte: eu vejo um Cristo mendigo saindo de dentro de uma favela ou abraçando a favela para amenizar a dor do nosso povo. O João, como sempre, ficou calado, não falou nada. Na reunião, o João na minha frente falou: eu tive uma ideia que vocês vão ficar maravilhados, de trazer um Cristo mendigo. Aquilo veio abaixo. Eu quietinho, mordido mas fiquei quieto”, contou o carnavalesco Laíla.

Após o desfile, Laíla disse a Joãosinho: “O Cristo mendigo é meu. E a frase é minha”, contrariou o carnavalesco. O Cristo e a frase entraram para a história do carnaval, mas a amizade entre os dois nunca mais foi a mesma.

 

 

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