Com data marcada para ocorrer de 1º a 10 de julho, o 22º Cena Contemporânea tem programação fechada com um conjunto de 13 espetáculos que serão apresentados inteiramente on-line e gratuitamente. As obras são assinadas por diretores de Portugal,França, Chile, Uruguai, Peru e Brasil e carregam desde as discussões de raça, gênero e identidade até reflexões sobre como a pandemia afetou a produção teatral.
O Cena deste ano é um desdobramento da edição de 2020, quando a pandemia impediu que festivais de teatro seguissem o formato tradicional e fez todas as produções migrarem para versões on-line. Em setembro do ano passado, Guilherme Reis, idealizador e coordenador do Cena Contemporânea, decidiu por dividir a verba de R$ 400 mil conseguida junto ao Fundo de Apoio à Cultura (FAC) em duas edições. O festival ocorreu em dezembro com metade da verba e o restante ficou para a edição de 2021.
Com apoio das embaixadas da França e de Portugal, via Instituto Camões, Reis conseguiu montar a programação que tem início em 1º de julho no canal do YouTube do Cena. Segundo ele, o teatro on-line tem perdas importantes para público e atores mas, com o risco imposto pela pandemia, é a melhor opção para não deixar a cena morrer. “A gente perde coisas como os sentidos, o cheiro, a proximidade, perde o ambiente do teatro, o respeito que exige um espetáculo de teatro”, lamenta. “Por outro lado, a gente vê que o teatro, não só no Brasil, mas no mundo, reagiu rapidamente a essa situação.”
Um dos destaques desta edição da mostra é o trabalho do francês Smail Kanouté. Sob o título de Corpo e identidade, Reis reuniu cinco peças do multiartista de origem do Mali, que traz para o palco questões atuais como a luta contra o racismo, o movimento Black Lives Matter e a alta mortalidade de jovens negros no mundo. O massacre de Jacarezinho, no Rio de Janeiro, foi incorporado ao trabalho de Kanouté. Em Never21, que nasceu em formato de vídeo e agora ganhou a sala de teatro em Paris, graças à reabertura proporcionada pelo avanço da vacinação na França, Kanouté faz dramaturgia com o movimento americano que gerou as manifestações de luta contra a violência policial nas cidades dos Estados Unidos em 2020, após a morte de George Floyd.
Do Chile, Reminiscencia, de Malicho Vaca Valenzuela, mistura memória afetiva com as manifestações de 2019 e transforma o teatro em ato político-amoroso. Parceria da portuguesa Patricia Portela com o brasileiro Alexandre Dal Farra, Reconciliação é uma mensagem para a necessidade do diálogo local e global e a ideia de inclusão está à frente do Hamlet do peruano Chela De Ferrari, inteiramente encenado por pessoas com Síndrome de Down. Entre os espetáculos brasileiros, Reis deu preferência àqueles produzidos no DF.
Cada espetáculo permanece no canal YouTube do festival por mais três dias depois da sua estreia. A única exceção é o último deles, Ana contra la muerte, que ficará disponível apenas no domingo, dia 11 de julho, depois do final do festival.
22º Cena Contemporânea
De 1º a 10 de julho, no canal do YouTube do festival
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