Indiana Nomma, radicada no Rio de Janeiro desde a década passada, mantém laços afetivos e artísticos com Brasília, onde iniciou a carreira musical como vocalista da banda BSB Disco Clube. Até 2019, voltava ela com alguma frequência à cidade para apresentações, no extinto Feitiço Mineiro, onde costumava fazer shows interpretando jazz e blues e em tributo a Mercedes Sosa, além de ter lançado os álbuns Unexpexted, que concorreu ao Prêmio da Música Brasileira (na categoria disco em língua estrangeira) e Lessons in love.
A cantora, agora, acentua esse vínculo com a capital ao desenvolver projeto tendo como parceiro o cantor, compositor e instrumentista brasiliense Tico Moraes. O trabalho desenvolvido durante o período da pandemia desaguou em CD, que reúne nove faixas, todas trazem letra em inglês, gravadas em casa, vencendo o desafio da distância de 1.160 quilômetros, entre Rio e Brasília.
O álbum, intitulado Indiana & Tico, à disposição nas plataformas digitais, na concepção e arranjos, tem como referência o jazz norte-americano do período áureo dos anos 1920 a 1950. “Fazemos homenagem despretensiosa a Ella & Louis, disco clássico de Ella Fitzgerald e Louis Armstrong”, destaca Nomma, que, como intérprete, há algum tempo transita com familiaridade por esse universo musical.
Nesse novo trabalho, ela é coautora de Old garden street (o primeiro single), I’d care to dance, What’s wrong with me? e It’s not the end. “O disco surgiu com tanta leveza e fluidez, que nem mesmo o contexto histórico no qual ele nasceu é capaz de afetá-lo”, ressalta a cantora. “Música cura e, na pandemia, a parceria e a inspiração foram o melhor remédio”, acrescenta, ao falar sobre o casamento das vozes de ambos e a guitarra melodiosa de Tico. Eles tiveram como convidados nas gravações o pianista letão Alexander Raichenok e o baterista pernambucano Misael Barros.
Presença frequente nos palcos brasilienses, Tico Moraes passeia com naturalidade pela MPB e pelo pop, embora o jazz seja a faceta mais destacada de sua música, que se caracteriza por arranjos originais, a valorização da harmonia, melodia e letras bem elaboradas e o canto cool. Ele lançou vários singles, EPs e discos, disponíveis nas plataformas digitais, que atingiram mais de um milhão streams no Spotify.
Sozinho, Tico compôs para o álbum que divide com Indiana Nomma as canções I noob loke me, Night will be ours, Do the math, Just let it e Whats with my rhyme?. Sobre a parceria, ele faz comentário enfático: “Nosso trabalho é resultado de uma dedicação colaborativa à música, à composição e ao valor que a arte deixa impressa na vida das pessoas, principalmente em tempos como o que estamos vivendo no momento”.
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Com suingue da Bossa Nova
Cantora mineira, com presença na cena musical brasiliense desde 2010, Márcia Tauil tem como principal influência nos trabalhos que realiza, um dos pilares da Bossa Nova, o compositor, arranjador, produtor e violonista Roberto Menescal. Embora tenha descoberto a obra do artista capixaba bem depois de o movimento ter surgido. Em 1999, ela lançou o CD Pro Menesca, que teve a participação do ídolo.
Tempos depois, dividiu o palco do Clube da Bossa de Brasília com Menescal algumas vezes. O artista capixaba volta a ser objeto de reverência de Márcia. Lançamento do selo Mins Música, acaba de chegar às plataformas digitais o álbum Pro Menesca — volume 2, gravado com o violonista Félix Júnior. Eles têm como convidada nesse projeto a cantora Sabrina Parlatore.
O álbum, que tem como proposta a valorização da história da MPB, traz oito faixas. Entre elas estão os clássicos O barquinho, Rio e Vagamente, compostas por Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli; Bye Bye Brasil, rara parceria de Menescal e Chico Buarque; além das menos conhecidas Amanhecendo, Japa e Longa metragem Estrada Delhi Rio. Esta última, a cantora já havia gravado no disco anterior.
Márcia conta que a música de Roberto Menescal entrou em sua vida quando nos anos 1980 ouviu os LPs Aquarelas, de Emílio Santiago; e o que Leila Pinheiro canta a Bossa Nova, lançados pela PolyGram, gravadora que tinha o compositor como diretor artístico. “Ambos os discos foram produzidos por Menescal, autor também de algumas músicas e dos arranjos. Eu era criança e cantava aquelas canções, acompanhada pelo meu irmão mais velho”, lembra.
Félix Júnior, um dos instrumentistas mais requisitados da cena musical brasiliense, ganha elogios de Márcia Tauil, com quem divide o CD. “Impressiona o virtuosismo de Félix em todo o álbum, fazendo acompanhamento com seu violão 7 cordas; e, especialmente, em Bye Bye Brasil, para a qual criou arranjo solar e aconchegante, que trouxe ares de novidade para a canção, tema de abertura do filme homônimo”.