OBITUÁRIO

Sensibilidade e empatia temperam a obra de Paulo Gustavo

O humorista levou mais de 12 milhões de pessoas aos cinemas para conhecer dona Hermínia; Confira análise sobre a importância da obra

Com um público que beirou os 12 milhões de espectadores nos cinemas, Paulo Gustavo desbancou, na pele da icônica Dona Hermínia, de Capitão Nascimento (em Tropa de Elite 2) a Sônia Braga (da dose dupla de A dama do lotação e Dona Flor e seus dois maridos), nas bilheterias.

À época em que estava por cravar a marca da sexta maior bilheteria da história, com a segunda parte de Minha mãe é uma peça (que, num terceiro episódio, conquistou a segunda posição do ranking, espremido entre duas questionáveis produções bíblicas: Nada a perder e Os dez mandamentos), Paulo Gustavo revelou, em entrevista ao Correio, um pouco dos segredos para a chave de sucesso.

“Graças a Deus, eu não tô precisando caçar níquel. Quero mesmo é surpreender as pessoas”, confirmou. Na ocasião, destacou o fato de Hermínia ser tão admirada pelos espectadores. “Não sei se é porque eu fico bem bonito de mulher, né (risos), mas ela é desejada porque é hilária, irreverente, extrovertida”, pontuou o artista. Para o ator, ressaltar aspectos que tocassem mães e filhos veio como meta para o sucesso. “Ouço coisas do tipo: ‘Depois que você casou, minha mãe passou a olhar melhor meu namorado. Com a comédia, há permissão de a gente falar de coisas delicadas e difíceis”, observou.

Tratar das coisas do dia a dia, do que via na padaria, no supermercado, numa festa traziam a inspiração. Uma das chaves então para que alcançasse a identificação junto ao público. Buscando “a sensibilidade e delicadeza”, ele tinha carinho com os fãs. “Eu me importo em estar feliz, e quanto mais estou, mais bem eu faço e o público é que se diverte muito. Nessa continuação de Minha mãe é uma peça (original que ficou em 17º posto entre os filmes nacionais), fiz algo despretensioso, sem fazer questão de me reinventar ou fazer algo genial. Quis homenagear as mães em geral”, destacou à época de lançamento da comédia.

Recuperado de uma asma e uma virose, em 2016, enérgico, ele fazia planos para o futuro: “Quero chegar à minha velhice com saúde”. Mesmo impulsionado por um sucesso superior ao de Os Trapalhões e às continuações das comédias Se eu fosse você e De pernas pro ar, Paulo se dizia tranquilo e “zero deslumbrado com a fama”. “Sou megatrabalhador, e guardo meu dinheiro. Logo de cara, apliquei tudo em benefícios para minha família toda”, observou.
Ele dizia que, “aos pouquinhos”, ajudaria a modificar e transformar as pessoas. “Apareço de forma muito espontânea e natural. Nisso, consigo me comunicar até com as pessoas que parecem mais difíceis”.