Show no Outro Calaf

» Irlam Rocha Lima
postado em 28/05/2021 06:00
Nelson Sargento no Outro Calaf -  (crédito: Camila Albuquerque/Divulgação)
Nelson Sargento no Outro Calaf - (crédito: Camila Albuquerque/Divulgação)

Nelson Sargento tinha ligação artística e afetiva com Brasília. Aqui, costumava vir não apenas para fazer shows, mas também para visitar amigos, sempre trazendo a tiracolo uma sacola com quadros de pintura naif, que costumava presentear a alguns privilegiados ou vendê-los. O trabalho que realizava utilizando telas era outra faceta do seu talento, com o qual complementava a renda que obtinha enquanto cantor e compositor.

Zico Cerqueira, ex-presidente da Aruc, mesmo tendo ligação profunda com a Portela, tornou-se amigo fraterno de mangueirense Nelson. Desde que se aproximou do sambista, tornou-se um misto de produtor e anfitrião dele aqui na cidade. “Sargento fez, pelo menos, 12 apresentações nos palcos brasilienses. O primeiro, em 1989, logo depois que o conheci pessoalmente, foi na Aruc. Houve shows, também, no Feitiço Mineiro, Calaf e Teatro da Caixa”, lembra. “O trouxe também para fazer uma exposição de pintura no Carpe Diem e lançamento do livro Prisioneiro do mundo, na livraria do Ivan da Presença, no Conic”, acrescenta.

Atualmente produtor e empresário de Serginho Meriti, Cerqueira recorda-se da vez em que Nelson veio visitá-lo e juntos foram passar as festas de fim de ano em Caldas Novas (GO). “Eu o acolhia quando vinha a Brasília e, por vezes, ele me hospedava no apartamento que, com muito esforço, inclusive pintando parede, adquiriu em Copacabana. Na minha visão, a música brasileira acaba de perder um dos mais talentosos compositores de samba e uma figura humana admirável”.

Destacado violonista, o carioca Jaime Ernest Dias viveu a experiência de acompanhar Nelson Sargento em algumas oportunidades. “Estava no Rio, em 1987, e fui convidado para acompanhar seu Nelson, na Sala Sidney Miller, da Funarte, quando ele lançou LP de estreia. Depois, toquei com ele em show na Aruc. Então nos tornamos amigos, embora me tratasse como filho”, conta. “Em nova ida ao Rio, ele não só me convidou para almoçar, como foi me esperar na Central do Brasil, para que fôssemos de trem a Belfort Roxo, onde morava naquela época”, complementa.

Em seu último show na cidade, no dia 29 de novembro de 2017, no Outro Calaf, Nelson Sargento teve ao seu lado o grupo 7 na Roda. “São lembranças que vamos guardar para sempre”, destaca Breno Alves, vocalista e pandeirista grupo. “Na parede da minha casa, está em relevo um quadro desse mestre do samba e da pintura, que ganhei de presente do Zico Cerqueira, grande amigo de seu Nelson”, diz emocionado.

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