Teatro on-line

Grupo cultural celebra centenário da 1ª bailarina clássica negra do país

Completos nesta quinta-feira (20/5), os 100 anos da pioneira Mercedes Baptista serão celebrados pelo grupo Emú, que disponibiliza pelo YouTube o espetáculo 'Mercedes' até 30 de maio

Correio Braziliense
postado em 20/05/2021 21:21
 (crédito: Daniel Barboza)
(crédito: Daniel Barboza)

Nome icônico na história da dança brasileira, Mercedes Baptista foi a primeira bailarina negra a compor o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e completaria 100 anos nesta quinta-feira (20/5). Para celebrar as contribuições e o legado da artista como precursora e expositora da dança afro-brasileira, o Grupo Emú disponibilizará, pelo canal do YouTube do Sesi São Paulo, o espetáculo Mercedes, protagonizado pela atriz Iléa Ferraz. A temporada virtual estará disponível ao público de forma gratuita até 30 de maio, e também comemora os cinco anos de existência do projeto Emú. Confira:

A obra homenageia Mercedes Ignácia da Silva Krieger, nascida em Campos dos Goytacazes, região norte do estado do Rio de Janeiro. Bailarina de formação erudita e uma das maiores representantes da cultura afro-brasileira no mundo, Mercedes ajudou a construir as bases da dança moderna no país e da estética das alas coreografadas do carnaval carioca dos anos 1960.

Antes disso, em 1948, passaria a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio Janeiro e, em seguida, abriria portas e janelas para outros dançarinos negros, como Elza Soares, por meio do Balé Folclórico. Além de contribuir com mudanças estéticas, foi personagem fundamental na luta antirracista empreendida no país, por meio da valorização da arte e da cultura negra brasileiras.

Morreu aos 93 anos, em 19 de agosto de 2014, e se tornou símbolo precursor de um movimento cultural expansivo e multicultural. Dois anos depois, uma estátua em homenagem à artista foi erguida no Largo São Francisco da Prainha, na zona portuária do Rio de Janeiro.

Cinco anos do grupo EMÚ

Além de celebrar o centenário de Mercedes Baptista, o grupo Emú abre temporada para comemorar os cinco anos de existência. De acordo com Sol Miranda, o projeto surgiu para reunir os anseios de artistas que, a partir de um material poético, pudessem ter autoria e participação na construção das próprias histórias.”A cia tem a negritude como uma construção constante e se utiliza do palco como um instrumento para a potencialização do autoconhecimento”, explica a atriz, produtora e idealizadora do projeto, em material de divulgação. A partir da construção de personagens ilimitados, a artista explica que o projeto amplia os potenciais tanto do artista quanto do indivíduo negro.

É por meio de linguagens simbólicas como o teatro, a dança e a música que o grupo explora e pesquisa a formação das matrizes negras, além de promover o diálogo sobre as questões raciais na contemporaneidade. Com a proposta de formar e consolidar equipes negras no campo de trabalho, a iniciativa subdivide-se na produtora Emú Produções Artísticas e Culturais; na Cia. Emú de Teatro Negro; e no Núcleo de Pesquisas NEGRAHR, na UFRJ.

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