As críticas que envolvem premiações e personalidades de Hollywood vêm crescendo à medida que temáticas importantes como racismo, sexismo e assédio sexual são mais debatidas. Em 2017, o jornal The New York Times publicou uma investigação que detalhou alegações de assédio e agressão sexual contra o ex-produtor de cinema Harvey Weinstein ao longo de três décadas. No mesmo ano, o movimento #MeToo ganhou força para denunciar casos de assédio em Hollywood e o termo viralizou ao redor do mundo.
Em 2021, a investigação do Los Angeles Times expôs denúncias contra a Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA, sigla em inglês), formada por jornalistas internacionais e responsável pelas indicações e premiações do Globo de Ouro. De acordo com o veículo, que entrevistou integrantes e ex-integrantes da associação, os membros aceitam dinheiro, viagens e brindes em troca de indicações ao Globo de Ouro.
Além disso, foi destacado que, entre os 86 membros votantes da HFPA, nenhum era negro e que haveria tido um escândalo de corrupção que levou Emily in Paris a concorrer às categorias principais de séries. Esses eventos, somados à pandemia, geraram a pior audiência da história do evento, que foi assistido por 6,9 milhões de pessoas, em comparação aos 18,3 milhões do ano passado.
Reação
Assim, no começo de maio, a HFPA anunciou mudanças no corpo de membros, com a intenção de somar imediatamente 20 novos integrantes não brancos. Porém, a mudança ainda teria de ser aprovada por todos os participantes da associação. Então, a emissora NBC, que exibe a premiação desde 1996, anunciou que não transmitirá a cerimônia do Globo de Ouro no ano que vem. Em comunicado, a NBC declarou ter esperança de exibir a cerimônia da premiação em 2023, mas apenas supondo que a organização executará as mudanças necessárias: “Continuamos a acreditar que a HFPA está comprometida em fazer uma reforma significativa. Contudo, uma mudança dessa magnitude toma tempo e trabalho, e sentimos fortemente que a HFPA precisa de tempo para fazer isso certo”.
Além do posicionamento realizado pela emissora, outras marcas, como a Amazon e a Netflix, e artistas da indústria se posicionaram contra a HFPA. A atriz Scarlett Johansson revelou situações sexistas no Globo de Ouro e pediu para que os colegas da indústria interrompessem o envolvimento com a associação. “Como uma atriz que promove um filme, espera-se que a pessoa participe da temporada de premiações participando de coletivas de imprensa e também de shows de premiação. No passado, isso muitas vezes significava enfrentar questões e comentários sexistas de certos integrantes da HFPA, que beiravam o assédio sexual. É a razão exata pela qual eu, por muitos anos, me recusei a participar de suas celebrações”, afirma Scarlett, em comunicado enviado aos veículos norte-americanos Deadline e Variety.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira
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