Foi pouco antes da pandemia, em 2019, que a artista Patrícia Bagniewski e a diretora Camila Stefanini aterrissaram no estúdio Berengo, em Murano (Itália), para uma residência e um intercâmbio cultural de 18 dias na meca da modelagem em vidro para as artes plásticas. A intenção, além de praticar as diversas técnicas de produção em vidro, era fazer um registro do trabalho no estúdio. O resultado está no documentário Silica, que a dupla lança nesta terça-feira (20/4) no site UN1DADE Audiovisual (https://www.un1dade.com).
O filme fica 24 horas no ar e traz uma leitura poética sobre o trabalho em um estúdio de modelagem de vidro. “Fui fazer a residência para aprender e fazer assistência aos mestres, vivenciar o dia a dia do estúdio. Esse filme é um pouco o que aconteceu lá, conto um pouquinho da história da ilha de Murano, mas através do meu olhar, da minha experiência com o vidro, como se estivesse contracenando mesmo com essa dança”, conta Patrícia que,criou em Brasília o estúdio Fuzja, no qual desenvolve suas peças. “A produção do vidro é como se fosse uma coreografia, estou narrando essa história como se estivesse contracenando com o vidro. É um filme bem contemplativo.”
O média-metragem, segundo a diretora Camila Stefanini, é uma imersão na arte do vidro. “Esse material está mais presente na nossa vida do que imaginamos, me apaixonei porque ele se assemelha à vida: são quatro elementos para a produção e nós também somos quatro elementos. É um material frágil e, ao mesmo tempo, muito versátil, tanto líquido quanto sólido. E é tão frágil quanto a vida”, compara a diretora. “O que o documentário retrata é essa hipnose de como é feito esse processo, de uma forma muito artística. E o Berengo teve uma sacada muito boa que é apresentar o vidro ao mundo da arte contemporânea.”
O Estúdio Berengo foi criado em 1989 para receber artistas que desejassem incorporar o vidro em suas produções. Acabou por tornar-se referência em artes visuais contemporâneas. Localizado em Murano, a cidade nos arredores de Veneza conhecida como a meca do vidro, o local é visitado por artistas do mundo inteiro como um centro de técnicas e mestres no manejo do material. “A importância de Murano está nas técnicas desenvolvidas por lá”, avisa Patrícia. “São várias técnicas, como a murini, aquele vidro colorido usado em bijuteria, por exemplo. As mais usadas são as murini, o colorido, o millefiori, que tem também policromia.”
Antes do século 20, o vidro produzido em Murano era mais utilitário. Esculturas e peças artísticas começaram a ser feitas como uma forma de modificar um pouco a tradição. Quando a técnica milenar se espalhou, pela a Europa, ficou comum e, para escapar desse comum, artistas começaram a esculpir e a fazer peças artísticas.
Silica
Pré-estreia nesta terça-feira (20/4), a partir das 20h. O filme fica em cartaz por 24 horas, até as 20h de 21 de abril, no website da UN1DADE Audiovisual https://www.un1dade.com