Ano a ano, quando se fala de novidade nas indicações do Oscar, a lista de estreantes na competição costuma ser badalada e atrair muitos holofotes. Na mesma medida, a experiência também chama a atenção e destaca personalidades do cinema, sistematicamente, referendadas. Na 93ª edição do Oscar, em 25 de abril, a cartilha dos figurões hollywoodianos se faz presente.
Com o longa-metragem de estreia na direção, Os 7 de Chicago, o roteirista/diretor Aaron Sorkin, que já venceu Oscar por escrever as ações de A rede social (2011), crava, em 2021, a quarta indicação — no passado, competiu pelos filmes A regra do jogo (2012) e A grande jogada (2018).
Ainda que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas esteja se reinventando, mais disposta à inclusão de segmentos internacionais e perspectiva de valorização de artistas negros, Aaron, presente na lista dos indicados, puxa um trenzinho do mais do mesmo. Com cacife, um dos produtores de Os 7 de Chicago, Marc Platt, chega à terceira disputa de melhor filme, depois de um título conduzido por Steven Spielberg, Ponte dos espiões (2016), e do fenômeno La La Land (2017).
Ainda coroando a rede de talentos turbinados, o influente Aaron Sorkin tem o passado ligado a David Fincher, o diretor de Mank, que está cotado para o Oscar por este filme. Produzido por Céan Chaffin, Mank coloca Fincher e Chaffin repetindo dobradinha de indicações, que no passado recaíram sobre O curioso caso de Benjamin Button e A rede social (que os une à carreira de Aaron).
Tempos animados
Associar o Oscar de melhor animação ao mago Walt Disney é justo, sendo ele detentor da impressionante marca de 64 indicações a estatuetas, em categorias variadas; mas sempre longe do pódio de melhor longa. Única produção dele reconhecida, nesse segmento, foi Mary Poppins (1964). Na atualidade, com todas as revoluções da Pixar, o diretor Pete Docter, consagrado pelo público por Soul, chega à quarta indicação para o Oscar, depois das vitórias com Up — Altas aventuras (2010) e Divertida Mente (2016), e do bem-sucedido Monstros S.A. Atrás de Docter estão Brad Bird (Os Incríveis e Ratatoille), com três indicações, e o Tomm Moore que, em 2021, volta a competir com Wolfwalkers, anos depois de A canção do oceano (2015) e Uma viagem ao mundo das fábulas (2010).
Na frente de quem dá as caras na competição do Oscar, os atores, despontam indicados de peso, com cancha em papéis ajustados ao radar da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, como é o caso de Gary Oldman, premiado em 2018, pelo retrato de Winston Churchill em O destino de uma nação, indicado por O espião que sabia demais (2012) e agora desponta em Mank. O coadjuvante Daniel Kaluuya, destacado no passado por Corra! (2018), volta ao páreo ao lado de Carey Mulligan, a inglesa de Educação (2010). Kaluuya foi lembrado por Judas e o Messias negro, enquanto Mulligan (de carreira muito seletiva nas temáticas), concorrerá por Bela vingança. Confira outros casos de prestígio, na lista do Oscar 2021.
Anthony Hopkins
Caso antigo — Recém-chegado às plataformas de streaming, o longa Meu pai, adaptado de peça do francês Florian Zeller, traz a sexta indicação de Anthony Hopkins como melhor ator (vencedor por O silêncio dos inocentes, 1992), que é o quinto astro a integrar seleto time da Academia na mesma condição, com integrantes como Michael Caine e Tom Hanks. Aos 83 anos, Hopkins desbancou a posição de Richard Farnsworth, ator mais velho, candidato aos 79 anos, por Uma história real (2000), e pode superar o feito de Henry Fonda, o mais idoso vencedor da categoria, aos 76 anos. No novo trabalho, Anthony Hopkins interpreta Anthony, idoso atordoado com a mente fraca e que deixa em frangalhos o dia a dia da filha interpretada por Olivia Colman (novamente indicada, agora como coadjuvante, depois de vencer Oscar por A favorita). Premiado com Oscar pelo roteiro de Ligações perigosas (1989), e lembrado ainda com o enredo de Desejo e reparação (2008), o corroteirista Christopher Hampton está no projeto, e é candidato pelo roteiro adaptado.
Viola Davis e Frances McDormand
Unanimidades — Personagens sofridas, batalhadoras e persistentes estão nos filmes Dúvida (2009), Vidas cruzadas (2012) e Terra fria (2006), todas parte de portfólio de duas preciosidades de Hollywood: Frances McDormand e Viola Davis. Respectivamente, em 2021, as duas competem como melhor atriz em Nomadland e A voz suprema do blues. Pelo primeiro, Frances, que tem dois prêmios Oscar (Fargo e Três anúncios para um crime) ainda competirá como produtora do melhor filme do ano. Já Viola Davis, que ostenta a estatueta de coadjuvante por Um limite entre nós (2017), surge com um papel que já lhe garantiu o prêmio do Sindicato dos Atores (SAG).
Glenn Close
Eterna esquecida? — Glenn Close é quinta atriz mais indicada na história do prêmio, ficando atrás de mestras como Meryl Streep e Bette Davis. Versatilidade é a marca dela: já representou um homem, em Albert Nobbs (2012); despontou como a favorita desbancada no prêmio, com a personagem de A esposa (2019), e teve altas dores de amores, em Atração fatal (1988) e Ligações perigosas (1989). Agora, com o papel de coadjuvante em Era uma vez um sonho, Glenn Close vai para a marca da oitava indicação e, se perder, a estrela de Um homem fora de série (1985) amargará o título de maior perdedora de Oscar, numa disputa quase parelha com as colegas de profissão Amy Addams, Deborah Kerr e Thelma Ritter.