O norte-americano Steve Shelley, ex-baterista da banda Sonic Youth, possui estreita relação musical com o Brasil. Shelley ingressou no Sonic Youth, uma das bandas mais importantes e influentes do rock alternativo dos anos 1990, na época do terceiro álbum do grupo, Evol, de 1986, e permaneceu até o encerramento da banda, em 2011.
A história dele com o Brasil começou com a de Lee Ranaldo, ex-companheiro de banda, quando acompanhava Shelley em uma turnê da carreira solo pelo país, em 2013. Ranaldo também cultivou laços com o país e com Brasília, onde produziu a banda Animal Interior, do filme Ainda temos a imensidão da noite, de Gustavo Galvão. Lee Ranaldo também está sempre pelo país, tocando ou participando de algum projeto e lançando livros.
De volta ao país em 2015, Shelley foi convidado para integrar a banda Gata Pirâmide, e depois passou a fazer parte também na Riviera Gaz e colaborar com outros artistas brasileiros. Além disso, ele toca na banda Sun Kill Moon, gerencia gravadoras independentes, como a Smells Like Records ou a Vampire Blues Records, e atua como DJ. Recentemente, ele discotecou para o festival brasileiro Noramusique e, na ocasião, concedeu esta entrevista para o Correio.
Sua relação musical com o Brasil é bem intensa. O que o atrai? Como começou surgiu a sua relação e as colaborações por aqui?
Eu tenho vários amigos músicos no Brasil e, com o tempo, foi natural tocar música junto. Acho que a vitalidade e a história é o que me atrai para a música e os músicos brasileiros. E, você sabe, muito disso tudo é simplesmente fantástico. Eu sempre aprendo muito toda vez que visito o país, quando amigos me apresentam outro disco ou músico brasileiro crucial. É infinito. Mas de forma alguma sou um especialista. Apenas continuamente aprendendo.
Quais são os artistas locais de que você mais gosta?
Meus favoritos mudam todos os dias (risos), de forma que é muito difícil escolher, mas eu realmente curto Tim Maia, Baden Powell e a música do movimento Tropicália. Eu acabo de escrever um ensaio curto sobre Os afro-sambas, de Baden (Powell) e Vinicius (de Moraes), para um livro que será lançado em alguns meses.
Além da música brasileira e da música barulhenta das bandas em que você toca e divulga com as gravadoras, que outros estilos você curte?
Praticamente tudo. Ultimamente eu tenho discotecado para a WYXR, em Memphis, e tenho tocado bastante R&B e soul neste repertório em particular, mas também tenho vasculhado minha coleção indie dos últimos 40 anos e tenho curtido muito. Em termos de audição, há sempre uma mistura eclética na atmosfera. Especialmente durante a pandemia, tenho conseguido mergulhar fundo nas audições.
*Estagiário sob a supervisão de José Carlos Vieira