Vários filmes brasileiros, programados em streaming ou que ainda chegarão às telas, destacam o processo criativo de personalidades das artes. Exemplos disso estão em obras que apresentam os irmãos Pederneiras, a famosa dupla que conduz o Grupo Corpo (que completa 46 anos); o encenador José Celso Martinez Corrêa, destacado mestre do Teatro Oficina; e o polonês Ziembienski, que revolucionou as artes cênicas no país.
“Impossibilitados de nos apresentar em teatros, o audiovisual se tornou o único meio de divulgação do trabalho que estamos fazendo”, conta o coreógrafo do Grupo Corpo Rodrigo Pederneiras. Na pandemia, a reinvenção tem sido a orientação do diretor artístico Paulo Pederneiras. “O movimento de ajuste aos tempos é o mesmo em todas as companhias de dança do mundo, sejam elas grandes ou pequenas: o audiovisual tem sido o veículo possível”, confirma Rodrigo.
Num pacote de filmes propiciados pelo Curtaon! (do Now), os 45 anos, desde a estreia do espetáculo Maria Maria, se juntam a outras obras marcantes do Grupo Corpo. O documentário Histórico de Maria Maria até Missa do Orfanato se atém aos primeiros 15 anos e alcança a projeção internacional dos bailarinos, que se apresentaram em países integrados a consagrado circuito internacional e circularam também por locais desafiadores como Islândia, Líbano e Cingapura.
Dos filmes mostrados do grupo no Now, Onqotô (2005), que traz o processo do balé homônimo destrinchado, teve a importância de demarcar os 30 anos do grupo, com trilha que incluiu Caetano Veloso. Com 40 espetáculos criados até hoje, a companhia repensa, atualmente, um dos princípios de interação, dada a covid-19. “Temos criado peças menores com solos, duos, e no máximo trios, sem que os bailarinos se toquem”, observa o coreógrafo do grupo mineiro.
A animação de reencontros amorosos e músicas datadas do século XIII balizam a performance de Sem mim, apresentado em 2011, e que também virou filme. O importante pianista Ernesto Lecuona originou Lecuona (2004), espetáculo impregnado de romantismo mas, na mesma medida, realista. 21 (1992), outro título no Now, traz um balé norteado por partituras de Marco Antônio Guimarães.
Em cena
Vencedor de prêmio paralelo do festival É Tudo Verdade, o longa Máquina do Desejo — 60 anos do Teatro Oficina também é centrado em criações cênicas. Zé Celso e a revolucionária companhia (que renovou até o audiovisual brasileiro) despontam na narrativa em que fluem temas diversos como ecologia e sexualidade. O filme de Joaquim Castro e Lucas Weglinski traz participação de personalidades como Glauber Rocha, Caetano Veloso e José Mojica Marins.
Por fim, o passeio entre documentários e artistas brasileiros ganha fôlego com Zimba, retrato do ator e mentor teatral Ziembinski, assinado por Joel Pizzini e previsto para os cinemas. “Ziembinski é um signo, um emblema da experimentação na arte e seu encontro com Nelson Rodrigues revolucionou o teatro brasileiro. Zimba (o filme) recria a gênese da nossa vanguarda cênica por meio de uma dramaturgia documental que evoca a memória audiovisual entre os anos 1940 e 1970; desde a Polônia, passando pela Vera Cruz até o Cinema Novo”, explica Pizzini.
Pacote Grupo Corpo
Exibição de cinco produções pode ser encomendada no streaming do canal Curta!On (via Now, da Net)
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