O fechamento do Feitiço Mineiro, no final de 2020, foi lamentado por artistas, amantes da música e apreciadores da gastronomia mineira em Brasília. Quatro meses depois, eles já podem conviver com outro sentimento, o de celebração. Na comercial da 306 Norte, no local onde existiu o bar e restaurante, criado pelo sociólogo, empresário e produtor cultural Jorge Ferreira, passa a funcionar um outro empreendimento, com o nome de Feitiço das Artes, que manterá as características do anterior. Inicialmente haverá a abertura da cozinha, que funcionará oferecendo o sistema delivery. Shows musicais passarão a ocorrer assim que houver autorização do governo do Distrito Federal e das autoridades sanitárias.
Pelo menos é o que deixaram claro Alexandre Silveira Oliveira, Joel Oliveira e Jerson Alvim, sócios do Feitiço das Artes. O que os levou a se juntar para levar adiante a proposta de erguer a nova casa foi o fato de os três terem relação afetiva com o Feitiço Mineiro — o primeiro, como frequentador; o segundo, produtor de shows. O terceiro era o diretor artístico do antigo estabelecimento
“Não haverá mudança na decoração que caracterizava o Feitiço Mineiro. Mantivemos o palco, os tijolinhos com as assinaturas de artistas locais e de outras regiões, os quadros com os recortes de matérias publicadas por órgãos da imprensa brasiliense, além do painel fotográfico instalado em parede externa, anuncia Alvim, que, antes de se radicar em Brasília, foi, durante 25 anos, diretor artístico do extinto Canecão, no Rio de Janeiro. “Esse conjunto de elementos formam o Memorial Jorge Ferreira, que sempre será nossa fonte de inspiração”, acrescenta.
Segundo Joel Oliveira, aposentado do serviço público federal, ele foi levado a se juntar a Jerson Alvim e Alexandre Silveira no novo empreendimento “por possibilitar a manutenção de um espaço tradicional da cultura musical e gastronômica da cidade, agora com outra denominação e sob nova direção”. Ele complementa: “Feliz com a história escrita pelo Feitiço Mineiro ao longo de três décadas, oferecendo música e culinária, de reconhecida qualidade. A memória de Jorge Ferreira vai ser preservada, em respeito aos músicos e aos frequentadores do local, muitos deles cativos”.
Já o bacharel em direito Alexandre Silveira frequentava o Feitiço Mineiro desde a mudança de Belo Horizonte para Brasília. Ele diz que, ao saber do fechamento das portas do bar e restaurante, por conta dos problemas surgidos na pandemia, percebeu que iria sentir falta tanto do restaurante quanto da casa que oferecia boa música. “Aí, em conversa com o Jerson Alvim, surgiu a possibilidade de criarmos no local uma outra casa com as mesmas características. A nós dois, se juntou o Joel Oliveira, que também tinha uma ligação afetiva com a antiga casa”.
A cantora Lúcia de Maria, que participou brilhantemente do The voice+, comemora o surgimento do Feitiço das Artes. “Participei de vários projetos no Feitiço Mineiro, certamente o lugar no qual mais me apresentei aqui na cidade. Agora me alegro ao tomar conhecimento da abertura do Feitiço das Artes no mesmo local, onde espero mostrar meu trabalho”, festeja.
No comando de uma roda de choro e samba, o cavaquinista Nelsinho Serra manteve-se em cartaz no Feitiço Mineiro por, aproximadamente, 12 anos. “Chegamos a tocar ali até perto do fechamento e sentimos muito com a perda de mais um espaço para a música na capital. Estou contentíssimo ao tomar conhecimento de que no lugar vai surgir o Feitiço das Artes. Eu e meus companheiros de grupo ficamos à espera de convite para levar alegria ao público da nova casa, nos finais de semana, com samba e choro de qualidade.”
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