Uma nova geração de artistas trabalha em um contemporâneo conceito, o de produzir em casa. Não apenas por ser uma opção mais barata, mas por ser uma oportunidade de controle criativo. Uma onda de músicos que produzem e finalizam as próprias músicas de forma caseira está tomando a cena mundial. O gênero recebeu o título de bedroom pop, pop de quarto em tradução literal, por permitir que os artistas deste estilo musical tragam ao mundo músicas com qualidade de estúdio, mas sem sair de casa.
A ascensão relativamente recente do bedroom pop, que começou principalmente nos Estados Unidos e agora está chegando com força no Brasil, se intensificou durante a pandemia. Enquanto a maioria dos artistas tem procurado maneiras de se ajustar às gravações caseiras, os adeptos deste novo estilo musical já tinham o costume de trabalhar com produções feitas em casa, o que aumentou a produtividade e o alcance das músicas que faziam. Assim iniciando uma nova onda da música pop.
No Brasil, alguns expoentes do gênero têm se destacado tanto na cena mainstream quanto alternativa. O gênero é uma tendência mundial e o Brasil está surfando na onda, Giulia Be é a cantora mais popular desse estilo, com apenas 21 anos ela é a quinta artista com mais ouvintes mensais no Spotify Brasil. “É muito sobre a entrega de uma letra sincera, de um trabalho que crie histórias dentro da sua própria história”, explica a cantora sobre a concepção de bedroom pop.
“A minha associação a esse gênero aconteceu de forma natural, nunca pensei: ‘Ah, quero fazer uma música assim’”, conta Giulia Be. Por conta do estilo e referências, ela ficou conhecida como o grande nome do bedroom pop no Brasil e, mesmo com apenas três anos de carreira, lidera essa nova geração de músicos. “É a realização de um sonho, saber que eu possa ter inspirado alguém em casa a começar a escrever as ideias, histórias ou frustrações próprias e tentar canalizar isso em forma de música”, comenta Giulia.
Outro grupo de artistas que vem se destacando na cena mais alternativa do gênero é a banda Jovem Dionísio. Formada por cinco curitibanos na casa dos 20 anos, o grupo foi criado em 2019, mas conta com mais de um milhão de ouvintes mensais em plataformas digitais como Spotify. “Para mim, o bedroom pop não se limita só a pessoas que fazem música dentro do quarto, mas que levam um estilo autêntico para o repertório mesmo”, define Gabriel Mendes, baterista da banda. “E também conseguem entregar um som de muita qualidade, com algo que é relativamente simples de se fazer”, complementa o baixista Gustavo Karam.
O bedroom pop está abrindo portas para mais nomes se desenvolverem e conquistarem espaço no mercado da música. Uma artista que chegou com força nessa onda foi Elana Dara. Jovem de 21 anos começou na música com covers em um canal do YouTube e, atualmente, com apenas um ano de carreira, tem mais de 500 mil inscritos no canal e quase 1 milhão de ouvintes no Spotify. “Acho que tem tudo a ver com o momento que estamos vivendo agora, de muita informação, várias referências sonoras e referências nostálgicas que estão aí para a gente escutar”, conta a cantora. “Vai juntando vários pontinhos e formando um novo estilo musical”, acrescenta.
Os artistas pertencentes ao novo estilo acreditam na longevidade desta variação do pop. “Pode ser que o bedroom pop entre na história da música como o reflexo do avanço tecnológico que desmistificou o estúdio e tornou a realização da gravação mais fácil e por conseguinte mais tangível à novas realidades, dando assim apenas um novo nome para um processo que já existe há anos: a metamorfose do compositor moderno”, aposta Giulia. Já Bernardo Pasquali, vocalista da Jovem Dionísio, acredita numa expansão do estilo. “Esse artifício que o bedroom pop utiliza vai chegar para todos os gêneros, até para quem faz, por exemplo, sertanejo. Inclusive, quem faz rap já utiliza há muito tempo, então eu acho que é um gênero que vai durar”, analisa.
Fenômeno Billie Eilish
A unanimidade entre os artistas como maior nome do bedroom pop é a cantora Billie Eilish. Ela e o irmão e produtor, Finneas, conquistaram, em 2020, sete Grammys com When we all fall asleep, where do we go?, álbum literalmente gravado no quarto de Billie.
* Estagiários sob a supervisão de José Carlos Vieira.
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