A música brega em suas diferentes vertentes invadiu mais uma vez o Brasil. A paraense Gaby Amarantos foi uma das precursoras desse novo movimento no país, colocando o techno brega no radar nacional há alguns anos. Em 2021, a artista quer trazer um novo subgênero aos holofotes, estilo que ela mesma intitulou de “tropop”. “É um pop brasileiro com sotaque paraense, um pop que é muito tropical, que é da Amazônia”, define em entrevista ao Correio.
O ritmo marca o mais novo trabalho de Gaby, o single Tchau, composto por ela em parceria com Arthur Espíndola, Gouvêa e Jaloo, o último, inclusive, divide os vocais com a cantora na faixa. Gaby e Jaloo trabalharam juntos em 2019, quando lançaram Q.S.A. “Ele é um cristalzinho. Fico muito feliz, porque busquei anos uma pessoa que traduzisse exatamente esse meu sentimento de essência do Pará”, revela a cantora.
A canção consegue ser dançante e, ao mesmo tempo, política, ao falar sobre relacionamentos abusivos. “O meu trabalho sempre teve uma identidade de mexer o corpo. No meu primeiro disco, o Treme, já tinha essa parada da batida contagiante. Mas eu gosto de pegar essa veia do Brasil do brega. Se você for ver, o sertanejo é brega, o samba é brega. Toda música que fala de amor e tem ligação com o amor é brega. É para dançar agarradinho com alguém ou sozinho com o seu copo para cima dizendo “tchau”, completa fazendo referência ao título da canção.
Em Tchau, segundo single do próximo álbum, Gaby decreta: “Tantas vezes eu pensei, será que a gente vinga?/A vibe estava rolando legal/Até que descobri que era tudo farsa/A tua falsidade derrubou todas as tuas máscaras/Por que é que eu gosto de você?/Por que dependo tanto de você?/Por que é que eu deixo você me calar?/Se aproveitar de mim pra me enganar”. Ela diz que a escolha de cantar sobre essa temática nasceu na pandemia de covid-19. “Acho que esse período me fez confrontar com tanta toxidade, que a música nasceu assim, querendo dar esse tchau para as relações tóxicas”, explica.
A intenção da artista também é incentivar que pessoas que estejam em relações amorosas abusivas possam se libertar. “Muita gente tem vontade de dar esse tchau, mas falta coragem. A intenção é dar para as pessoas essa reflexão de que o poder está nas suas mãos, de apertar o play e cantar tchau na cara dessa pessoa”, acrescenta.
Legado
Tchau chegou às plataformas digitais acompanhado de um videoclipe. O material teve direção de João Monteiro, com participação de Jaloo e styling de Nê Bardac. As gravações ocorreram em janeiro deste ano, seguindo os protocolos de segurança contra o coronavírus. “Foi um superdesafio, porque gravar clipe na pandemia não está fácil. Você tem que testar equipe, ter um cuidado extremo. Graças a Deus tudo correu bem”, comenta.
Para Gaby Amarantos, investir em videoclipes é manter um legado para as próximas gerações. “Tenho, sim, essa preocupação com a identidade visual, porque a clipografia é uma parada que vai crescer muito no Brasil. Virou uma outra forma de apresentar um produto cultural. Tenho muito respeito pela identidade visual. Quero que, daqui a 20 anos, as pessoas possam assistir a esses clipes e dizer: ‘Essa artista e a equipe dela tinham esse carinho’. Toda vez que faço um clipe, penso em deixar um legado, que seja um material que eu vá me orgulhar daqui a muitos anos”, afirma.
Ao lado de Vênus em escorpião, faixa lançada no ano passado com Ney Matogrosso e Urias, Tchau integrará o próximo disco. Gaby faz mistério sobre o material, mas diz já estar trabalhando nas canções. “É um pontapé para um álbum novo, sim. Tá vindo disco novo aí. Ele tá ficando lindo. Tô muito feliz”, comenta. O último álbum completo da artista é Treme, de 2012. Desde então, ela se dedica ao lançamento de singles.
Presença na televisão
Desde 2018, Gaby Amarantos faz parte do time do programa Saia justa, do GNT, com Astrid Fontenelle, Pitty e Monica Martelli. Na pandemia, o quarteto chegou a gravar edições remotas, até que se juntou novamente. “A gente continua falando de assuntos atuais, mas também de falar de uma forma leve. As pessoas estão precisando de leveza, de boas notícias”, analisa.
Para isso, ela e Pitty ganharam mais espaço na atração com quadros musicais. “Estamos cantando mais. A gente quer entrar na casa das pessoas e trazer esse respiro para elas, fazer com que tenham uma boa informação”, diz Gaby.
Também é leveza, uma das palavras escolhidas para definir a sexta temporada do The voice kids, na qual Gaby se junta ao time de jurados ao lado de Michel Teló, fazendo a estreia no formato infantojuvenil, e Carlinhos Brown. Eles assumem as vagas de Claudia Leitte, atualmente no The voice+, e Simone & Simaria, que se afastam para a licença-maternidade de Simone.
“Estou muito feliz de ser a primeira técnica do Norte, para mostrar como o nosso Brasil é lindo, gigante e plural. Tenho certeza de que as pessoas vão ficar muito felizes de ver essa potência, toda essa diversidade, toda essa musicalidade presente nos reconectando. Música é humanidade, é amor, é poder, música é tudo”, decreta.
O programa estreia em abril, na Globo, tendo Márcio Garcia no lugar de André Marques e acompanhado de Thalita Rebouças. O reality show se mantém aos domingos depois da Temperatura máxima e com reprise às sextas, às 22h, no canal Gloob.