Completando 65 anos de história nesta segunda-feira (15/03), Oswaldo Montenegro lançou um vídeo no canal do YouTube com reflexões poéticas sobre o tempo e sobre envelhecer. Com imagens de Oswaldo e o neto Guga, filmadas antes da pandemia, o vídeo é intitulado Se puder, envelheça.
“A pergunta é que dia a gente fica velho? Não vem dizer que aos poucos colega. Faz cinco minutos que eu tinha 17 anos e fui me embora de Brasília. Para mim, meu primeiro show foi ontem e hoje eu estou na fila preferencial para embarcar no avião. Tem um garoto dentro de mim que não foi avisado que o tempo passou e tá louco para ter um filho. E já tenho netos. Aconteceu de repente. O personagem do Kafka acordou incerto, eu acordei idoso. E olha que eu ando, corro, subo escadas, sonho como antes. Então, o que que mudou? Minha saúde e minha energia são as mesmas. Então, o que que mudou? Bom, a única coisa que sei que mudou mesmo foi o tal do ego. A gente vai descobrindo que não é nada e não tava com aquela bola toda, que a gente achava que tava. A gente vai sacando que não tem importância e que pouca coisa no mundo tem importância. Isso primeiro frustra, depois vai dando alívio e liberdade. Ah! Então eu acho que descobri colega. É isso que muda. Ficar velho é sacar nossa própria desimportância e ficar solto por isso. Então, vou te falar uma coisa colega. Vale a pena. Se puder, envelheça”, narra o músico e compositor.
Letra e música
Lua e flor (1997)
“[...] Eu amava como amava um sonhador. Sem saber porquê, e amava ter no coração a certeza ventilada de poesia, de que o dia amanhece, não”.
Quando a gente ama (2006)
“[...] meu amor, a vida passa num instante. E um instante é muito pouco pra sonhar. Quando a gente ama, simplesmente ama. É impossível explicar. Quando a gente ama, simplesmente ama.”
Bandolins (1980)
“E como não? E por que não dizer que o mundo respirava mais, se ela apertava assim seu colo, como se não fosse um tempo em que já fosse impróprio se dançar assim. Ela teimou e enfrentou o mundo, se rodopiando ao som dos bandolins”.
Metade (1997)
“[...] Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza. Que a mulher que amo seja pra sempre amada, mesmo que distante. Pois metade de mim é partida e a outra metade é saudade.”
A lista (2004)
“Faça uma lista de grandes amigos. Quem você mais via há dez anos atrás. Quantos você ainda vê todo dia, quantos você já não encontra mais. Faça uma lista dos sonhos que tinha, quantos você desistiu de sonhar. Quantos amores jurados pra sempre, quantos você conseguiu preservar”.