Agência Estado
postado em 27/03/2021 15:59 / atualizado em 27/03/2021 15:59
Entre as joias do acervo de Renato Russo está a coleção de mais de 200 fitas cassete, nas quais o músico gravou ideias para projetos futuros, mas principalmente registrou acordes musicais de seu processo de criação. "E pensar que esse material estava dentro de caixas de sapato", comenta a produtora Bianca De Felippes.
De fato, todo o acervo ficou anos guardado no apartamento onde Renato morou, em Ipanema, no Rio - mesmo depois de sua morte. Herdeiro de valioso material, seu filho, Giuliano Manfredini, percebeu a necessidade de recuperar, catalogar e, principalmente, tornar públicas preciosidades que encantariam qualquer fã.
Assim, em 2014, ele entrou em contato com o Museu da Imagem e do Som, o MIS, de São Paulo com a proposta de se fazer uma ampla exposição sobre Renato Russo. O material estava guardado no apartamento do número 378 da Rua Nascimento Silva, no Rio, para onde se dirigiu uma equipe do Centro de Memória e Informação do MIS. Lá, capitaneados pela documentalista Fabiana da Silva Ribeiro, os pesquisadores ficaram maravilhados com a quantidade de detalhes e documentos - e também com o hercúleo trabalho pela frente.
Afinal, as fitas cassete precisavam ser recuperadas do bolor que já ameaçava sua audição, enquanto os diários, com inúmeras páginas soltas e dispersas, necessitaram ter a ordem restabelecida, muitas vezes a partir de pequenas pistas entre uma folha e outra. "A tarefa de recuperação do acervo começou aí", constata Renata Tsuchiya.
Depois de uma intensa pesquisa, cerca de mil peças foram selecionadas para a exposição, a maior já montada no MIS, e que estreou em setembro de 2017, ficando em cartaz até o janeiro seguinte. Assim, quem visitou a mostra teve contato com apenas um sexto do acervo todo que, depois de finalizado o trabalho de catalogação, será preparado para exposições itinerantes em pelo menos cinco capitais, a partir de 2022. "Queremos ainda montar um site rico de conteúdo, a exemplo do grupo americano Grateful Dead, que é espetacular", observa Adriano Maia, da VMB Jurídica, que assessora Giuliano Manfredini.
O filho de Renato Russo deu carta-branca para Bianca De Felippes pesquisar o material necessário para seu documentário, ainda sem título e na fase inicial do processo criativo. "Algumas coisas já estão definidas, como a ausência de entrevistas, pois o próprio Renato é quem vai conduzir o filme, revelando seu processo criativo, seus humores e amores, tudo a partir do material do acervo", conta ela que, além do documentário de 70 minutos, planeja ainda uma minissérie de quatro episódios, com 40 minutos cada um, em que vai se fixar em detalhes do material, como o trabalho de conservação ou o rico conteúdo fornecido pelas fitas cassete. "Quero mostrar aspectos pouco conhecidos desse ídolo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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