Poucos foram os impactos sentidos na previsível lista de indicados ao Oscar, numa cerimônia marcada para o próximo dia 25 de abril: o maior deles, histórico, veio com a dupla indicação de mulheres diretoras: concorrerão na categoria, Emerald Fennell (Bela vingança) e a chinesa Chloé Zhao (Nomadland). Até hoje, em ocasiões pontuais, apenas cinco diretoras competiram, e uma venceu — Kathryn Bigelow (Guerra ao terror). Além da projeção do filme dinamarquês Druk — Mais uma rodada, que referendou o nome de Thomas Vinterberg (para melhor diretor), houve justiçamento para o longa Minari, feito pelo americano Lee Isaac Chung, e tratado como filme internacional em muitas disputas prévias ao Oscar. Ramin Bahrani diretor de origem iraniana emplacou crédito para O tigre branco (cotado para roteiro adaptado) enquanto o longa O som do silêncio destacou inglês de origem paquistanesa Riz Ahmed e Paul Raci (no quarto caso entre os atores que interpretaram surdos, história do Oscar). O filme concorre ainda em outras quatro categorias, incluindo a de melhor filme.
O maior número de indicações ao Oscar 2021, coube ao longa Mank, que ostenta 10 (feito de longas como Roma, Cabaret e Mad Mad: Estrada da fúria). O filme em preto e branco assinado por David Fincher (candidato à direção) destrinça parte dos bastidores da feitura do clássico Cidadão Kane. Curiosamente, entre os oito longas destacados como melhor filme, apenas três estrearam direto em streaming. Além da equilibrada disputa entre mulheres, os afro-americanos se viram identificados com as indicações. Um destaque está em Judas e o Messisas negro (com indicações para os atores coadjuvantes Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield), cotado ainda para melhor filme e canção e roteiro originais, além de melhor fotografia. Artistas engajados na luta contra o racismo, como Regina King e Spike Lee, entretanto, não despontaram com a força esperada para Uma noite em Miami... (destacado por roteiro e canção originais, além de render candidatura para o coadjuvante Leslie Odom Jr.) e Destacamento Blood (lembrado apenas pela trilha original).
Mesmo com a festa presencial prevista para ser abrigada na Union Station (Los Angeles), edificação de 1939 que, pelas dimensões, assegurará o distanciamento social entre astros e estrelas, o Oscar não abandonará o palco do tradicional Dolby Theatre. Uma comoção na festa está demarcada, dada a indicação como melhor ator para Chadwick Boseman (o sétimo ator com indicação póstuma no Oscar). Ele competirá por A voz suprema do blues, filme que pode render o segundo Oscar para a atriz Viola Davis. Recordes e curiosidades
estão presentes nas listas dos escolhidos pelas melhores atuações.
Glenn Close (coadjuvante por Era uma vez um sonho) pode se tornar a maior perdedora de prêmio, equiparada às oito derrotas de Peter O´Toole (consolado com um prêmio honorário). Anthony Hopkins, na sexta indicação por Meu pai, pode aos 83 anos se tornar o mais idoso vencedor da estatueta. Sacha Baron Cohen, o famoso Borat, chega com força no Oscar pela performance em Os 7 de Chicago e ainda pelo roteiro adaptado de Borat: Fita de cinema seguinte (estrelado por Maria Bakalova, listada entre as atrizes coadjuvantes). Ainda entre os intérpretes, de origem asiática, Steven Yeun e Yuh-Jung Youn chamaram a atenção por Minari.
Além da valorização das diretoras Chloé Zhao e Emerald Fennell, que, juntas, acumulam mais cinco indicações em diferentes áreas (produtoras e roteiristas) do Oscar 2021, a diversificação temática abriu flancos em Hollywood (na nona indicação, o recordista Pete Docter emplacou Soul como favorito a melhor animação, trazendo o primeiro protagonista negro da Pixar) e a Tunísia se viu como o quinto representante africano na disputa, pelo reconhecimento a O homem que vendeu sua pele, sobre um sírio que escapa
da guerra. Mulheres fortes e combativas, muitas protagonistas vividas, entre outras, por Carrey Mulligan (Bela vingança), Andra Day (Estados Unidos vs. Billie Holiday) e Frances McDormand (Nomadland) engrossarão o tom feminista na futura festa do Oscar.
Na breve apresentação dos indicados, feita em Londres pelos atores Priyanka Copra Jonas e Nick Jonas, houve ainda um espaço institucional e promocional do Museu da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, a ser inaugurado em outubro, com propostas imersivas para os fãs da sétima arte. Enquanto se aguarda, há como mergulhar nos universos igualmente absorvedores de Mulan, Tenet e Pinóquio (surpresa italiana, na lista) e Os 7 de Chicago, um denso drama de tribunal que consagra o talento de Aaron Sorkin.
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