O grupo Inimigos da HP está ainda mais romântico em 2021. É isso que a mais recente faixa lançada pela banda demonstra. Nesta sexta-feira (5/3), houve o primeiro lançamento do ano, com a divulgação de Linda nas plataformas digitais acompanhada de um videoclipe.
A música é caracterizada por uma pegada pop com um arranjo de cordas, que depois cresce para o ritmo percussivo clássico do pagode. "Nesse arranjo tem um trecho bem pop. Mas quando a batucada entra, ela é intensa, e há essa mescla de estilos", explica Gui, um dos integrantes do grupo. Ele diz que essa mistura de gêneros é algo comum nos trabalhos da banda ao longo desses mais de 20 anos da carreira. "Já misturamos com eletrônico, forró, sertanejo e dessa vez é uma música que está super pop", completa.
A faixa estava prevista para ser lançada no ano passado, mas acabou sendo transferida para 2021 por causa da pandemia. Por enquanto, ela funciona apenas com um single. "Acho que a dinâmica mudou muito hoje. Os lançamentos estão acontecendo nessa forma de single, que são lançados de forma mais espontânea para depois virarem uma coletânea, entrarem num álbum", comenta Rodrigo Alemão. Apesar de só ter sido lançada agora, Linda já fazia parte do repertório apresentado pelo Inimigos da HP nas lives de 2020.
Além da inovação na sonoridade, Linda, composta por Valtinho Jr. com produção de Orlando Baron, tem mais uma novidade. Foi a primeira vez que o grupo fez um clipe com atores, em que uma história de amor é encenada. "A nossa ideia foi focar muito na história da música, desse casal. A fotografia é muito bonita", completa Marlos Tocha.
O vídeo foi gravado seguindo os protocolos de segurança no Pico do Olho D'Água em Mairiporã, no interior de São Paulo, com protagonismo de Juliana Gomes e Gledson Fonseca, com direção de Eduardo Galeno. "Com isso, de ser só o casal, a gente reduziu muito a quantidade de pessoas no set", acrescenta Gui.
Cenário do pagode
Desde o ano passado, o pagode voltou a viver um momento de auge. Muito impulsionado pelo momento de lives. Também foi no período que duas bandas de Brasília -- Menos é Mais e Di Propósito -- despontaram no cenário nacional e colocaram o ritmo nos holofotes.
"Brasília, em especial, está trazendo várias novidades. Temos quase 22 anos de história, então realmente a gente já viu um pouco de tudo. No final das contas, o que a gente aprendeu é que existe espaço para todo mundo. Quando o movimento está forte para um, está para todos. A gente vê o crescimento e acompanha o máximo que pode os meninos do Menos é Mais e do Di Propósito, como também outros artistas que continuam, como Mumuzinho, Sorriso (Maroto), Pixote. A cena tá crescendo e vemos com bons olhos. Tudo isso só beneficia o segmento", avalia Guia.
"Uma coisa que a gente sempre fala é que o pagode e o sertanejo são muito tradicionais no Brasil e nunca morrem. Ficam, às vezes, meio parados. Mas apareceu muita coisa boa, o que fortalece o movimento", complementa Tocha.
Pandemia
O período sem shows tem sido complicado para a banda. Inicialmente, os músicos aproveitaram a chance de estarem mais próximos dos familiares. Porém, com o alargamento da pandemia, as coisas foram ficando complicadas financeiramente também. "A gente fez algumas lives, mas nada como era antes. É preocupante. Honestamente, não sei para onde vai e o que vai acontecer", comenta Tocha.
Existe uma preocupação da banda de como será o momento pós-pandemia, se o público se sentirá seguro para voltar aos shows ao vivo. "Infelizmente não temos como prever. Enquanto não estiver normal, vamos ser afetados em todos os sentidos", afirma Alemão.
Gui se mostra inseguro, inclusive, com a responsabilização que o setor tem recebido diante do aumento dos números de casos. Ele cita a prisão de Belo, que se apresentou num show, que acabou causando aglomeração. "Acho que existe uma vilanização do setor, como se os artistas fossem os causadores de aglomerações e de contaminações. É uma coisa que preocupa", destaca.
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