MÚSICA

Raí Saia Rodada prova que forró passou por reinvenção na pandemia

Caracterizada pelo som do "tecladinho", a pisadinha se tornou o subgênero de maior sucesso no Brasil

O forró se reinventa em plena pandemia. O gênero, que nasceu no Nordeste da fusão sanfona, triângulo e zabumba, na década de 1950, hoje recebe influência de diversas sonoridades. Assim ganharam força o forró elétrico e, mais recentemente, a pisadinha, que se tornou o subgênero de maior sucesso no Brasil.

A vertente caracterizada pelo som do “tecladinho” figurou no topo das paradas em 2020 e segue um caminho bem parecido este ano também. O forrozeiro Raí Saia Rodada que o diga. Ele viu, em uma semana, a irreverente música Tapão na raba assumir o primeiro lugar das 50 faixas virais no Brasil, no Spotify, e o clipe divulgado no YouTube ultrapassar 20 milhões de visualizações. “Só tenho gratidão”, define o cantor Raí Soares, o Raí Saia Rodada, em entrevista ao Correio.

A canção integra o mais recente EP do artista, Som no talo. Ela abre o álbum e se destaca pela mistura de influências e de referências perceptíveis tanto na música em si, quanto no videoclipe. A faixa começa com a clássica fala “versão brasileira”, consagrada por Hebert Richers, sob uma atmosfera de faroeste ao estilo de Old town road de Lil nas X.

Há uma união bem brasileira de piseiro, forró romântico (a partir da letra em que se canta, por exemplo, “ô baby, teu cheiro tá grudado no meu cobertor”) e brega. A música ainda flerta com a batida eletrônica, ao incluir um trecho do remix de Roses, do rapper SAINt JHN, feito por Imanbek, hit de 2016. “Acho que o que fez essa música crescer bastante foi o fato de ter um estilo bem dançante. Também caprichamos na imagem. Tem uma irreverência e a parte da coreografia que a galera gosta”, explica o artista.

Trajetória

Estar no topo não é uma novidade para Raí Saia Rodada. Nos 21 anos de carreira, ele viveu momentos de altos e baixos. Em 2002, a banda Saia Rodada, que leva no nome artístico, conquistou o país com o forró eletrônico Problema meu. “Sou grato a Deus demais pela minha volta. A internet tem me ajudado muito (nos últimos anos). Fiquei fora da mídia por um bom tempo. Quando estourei, era uma época que não tinha essa força da internet, não tinha celular com câmera. Meio que nasci novamente entre a galera jovem”, comenta. 

Esse renascimento aconteceu, graças a reinserção do forró entre os ritmos mais populares do país, para além do Nordeste. “Comecei a cantar forró tradicional, pé de serra, autêntico. No decorrer desses anos têm aparecido muitas novidades, como o acréscimo dos metais e venho acrescentando ao meu repertório, como o piseiro, a pisadinha, o vaneirão”, diz. Raí acredita que ainda há muitas novidades por vir. “Em breve, o forró acrescenta mais alguma coisa e a gente aqui está sempre pronto para inovar”, garante.

As tendências atuais estão em Som no talo, lançado em 22 de janeiro nas plataformas digitais. Com sete faixas, sendo seis inéditas, o disco surgiu com a música título que tem participação da dupla sertaneja Matheus & Kauan, com quem o artista queria trabalhar há bastante tempo. O material conta ainda com participação da sertaneja Gabi Martins, ex-BBB, em Beijo roubado, e forrozeira Márcia Fellipe na canção Quem termina também sofre.

O maior desejo, agora, é poder cantar as canções num show ao vivo: “Estou com saudade de ver e sentir a galera cantando”. Enquanto isso não pode acontecer, o artista se prepara para o próximo clipe que será de Luxo pra mim.