Foi ao conhecer o jornalista maranhense Joaquim Campelo Marques que o também jornalista Cezar Motta, carioca radicado em Brasília, teve a ideia de escrever Por trás das palavras: as intrigas e disputas que marcaram a criação do Dicionário Aurélio, o maior fenômeno editorial brasileiro, lançado pela Máquina de Livros. Campelo trabalhou diretamente com o alagoano Aurélio Buarque de Holanda na concepção do livro referência que se tornaria em um dos mais famosos glossários. “Ele me ajudou bastante com a massa de informação desde o começo, porque foi trabalhar cedo com o Aurélio no dicionário”, lembra o autor, em entrevista ao Correio.
A partir das conversas com Campelo, de uma pesquisa ampla em jornais da época e de entrevistas com escritores, acadêmicos e pessoas que estiveram próximas de Aurélio, como Nélida Piñon, nasceu o livro. Na obra, que tem 192 páginas, está a história por trás do livro de léxicos, que, por várias vezes, quase não foi lançado.
Afinal, Aurélio era, ao mesmo tempo, perfeccionista pela caça ao significado das palavras, e bagunçado, em relação aos prazos de entrega do material. “Eles não conseguiram cumprir o prazo do contrato com O Cruzeiro. O próprio Campelo começou a procurar outros caminhos, com outras editoras. Eles montaram uma redação em Botafogo, para entregar o dicionário em dois anos para a editora Delta. De novo, não conseguiram fechar no prazo certo”, conta Motta.
O sonho que foi adiado tantas vezes se concretizou em 1975, na Editora Nova Fronteira, sob edição de Carlos Lacerda. A obra também dimensiona a força de Aurélio Buarque de Holanda, conhecido lexicógrafo da época, que acabou transformando o próprio nome em sinônimo de dicionário. “Tudo mundo esperava isso dele: ser o futuro autor do grande dicionário. Ele tinha ficado com a obsessão de fazer algo semelhante aos dicionários Oxford e Webster. Ele criou esse prestígio”, avalia Cezar Motta.
Para o jornalista, o dicionário se tornou importante devido ao fato de ter incorporado as mudanças sociais da época. “Ele incorporou o comportamento dos anos 1960 e 1970. O dicionário acabou se tornando mais prático, um oráculo mesmo”, completa.
Por trás das palavras: As intrigas e disputas que marcaram a criação do Dicionário Aurélio, o maior fenômeno editorial brasileiro
De Cezar Motta. Editora Máquina de Livros, 192 páginas. Preço médio: R$ 49 e R$ 32 (e-book).